São Paulo, quarta-feira, 16 de fevereiro de 1994
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Thomas e Villela dirigem Gal e Bethânia

MARCELO MIGLIACCIO
DA SUCURSAL DO RIO

Os diretores teatrais Gabriel Villela e Gerald Thomas foram os escolhidos pela cantoras Maria Bethânia e Gal Costa, para dirigir seus novos shows. Após a passagem fulgurante pelo Sambódromo no domingo de Carnaval, as duas intensificam a fase de ensaios sob a batuta de dois dos mais prestigiados encenadores do país.
Villela confessa que teve que separar o mito Bethânia de sua nova colega profissional no primeiro encontro. Thomas, por sua vez, diz que ficou mais à vontade com Gal, por conta da "relação libidinosa" que afirma existir entre ambos.
Gal estréia primeiro, dia 24 deste mês, no Imperator (Méier, zona norte do Rio), com temporada prevista de cinco semanas. O show, em grande parte com canções do do disco "O Sorriso do Gato de Alice", começa com Gal cantando "Gimme Shelter", um clássico dos Rolling Stones escolhido a dedo por Thomas, 39. "Essa música foi um marco para nossa geração", diz o diretor, que confessa ter ficado "apavorado" com o novo desafio profissional ao ser convidado pela cantora.
Mesmo já tendo dirigido inúmeras óperas no exterior e acostumado a conceber seus espetáculos até em poltronas de avião, Thomas precisou ouvir os argumentos do amigo Philip Glass durante uma madrugada inteira para aceitar o chamado de Gal. "Tinha dúvidas, mas pensei: meu trabalho sempre foi musical. Dirijo óperas, que no fundo são a mesma coisa só que sem sacanagem."
A "relação libidinosa" –sem maiores detalhamentos– que diz ter com a cantora foi outro fator para que topasse a parada. Com uma longa carreira pela frente que inclui São Paulo e Tóquio, o show terá como tônica o despojamento para que Gal exiba sua voz. "Não vai ter aquele piscar de luzes o tempo todo e, em determinados momentos, os músicos vão desaparecer para que ela fique sozinha na cena", antecipa Thomas.
No dia 24 de março, será a vez de Bethânia e Villela mostrarem sua parceria no Canecão. A relação do diretor com a cantora está mais para a devoção de um fã que, aos 13 anos, passava as tardes tomando limonada e ouvindo o disco "Drama" numa vitrola portátil. "Sempre sonhei em dirigir um show da Bethânia, da Rita Lee ou da Elis Regina. Além de grandes cantoras, são atrizes também."
Segundo Vilella, sua função será "balizar a pesquisa de Bethânia para chegar ao que é importante para ela cantar e fazer no palco nesse momento". No repertório de 25 músicas, ainda em elaboração, pelo menos dez serão do disco "As Canções que Você Fez Pra Mim". O roteiro sairá de uma coletânea de textos variados fornecidos por ele à cantora.

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