São Paulo, quarta-feira, 16 de fevereiro de 1994
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Raspa do tacho

Há uma sensação crescente nos agentes econômicos de que o Mercosul, bloco econômico composto por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, cada vez mais se torna irreversível, ainda que haja dificuldades nada desprezíveis para sua completa implementação.
O comércio entre Brasil e Argentina, por exemplo, aumentou consideravelmente nesses últimos anos. O PIB do Rio Grande do Sul, Estado fronteiriço aos demais países membros e que por isso mesmo sofre um maior impacto com o acordo, cresceu 6,5% em 92 e 7,4% em 93, muito acima da média nacional. São fatos que vão deixando claro que o Mercosul já produz resultados concretos para o Brasil.
E essa foi também a conclusão obtida em debate promovido por esta Folha, cujos principais momentos foram publicados ontem. Entretanto, embora os debatedores concordem que o acordo é inexorável, houve discordâncias quanto aos prazos para a redução tarifária.
Por um lado, é natural que haja dificuldades ao se tentar agrupar países com diferenças econômicas, sociais, culturais etc. Basta lembrar que os primeiros passos dados pelos países europeus no sentido de uma maior integração são do início dos anos 50. Portanto, foram quatro décadas de negociações que possibilitaram a criação da União Européia. O Mercosul é ainda agravado pelas dificuldades macroeconômicas dos países, particularmente o nível inflacionário brasileiro e o atraso cambial argentino.
Porém, é preciso ter em mente que os blocos econômicos crescem de importância a cada dia e a relação entre países cada vez mais deve ceder espaço às relações entre grupos. Atrasar a implementação do acordo significa expor os países membros a um isolamento perigoso por ainda mais alguns anos. Afinal, o Mercosul é tudo o que esses quatro países conseguiram, pelo menos até agora, em matéria de integração econômica.

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