São Paulo, quinta-feira, 17 de fevereiro de 1994
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Fiesp acha que episódio é caso de impeachment

ANTONIO CARLOS SEIDL
DA REPORTAGEM LOCAL

O ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, deveria assumir as funções de primeiro-ministro em uma espécie de um parlamentarismo "informal" no Brasil, para isolar o impacto das atitudes "impensadas " do presidente Itamar Franco, que apenas "entrariam para o folclore", com poucas implicações na imagem e na vida política do país.
Esta é a avaliação da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) sobre o episódio carnavalesco envolvendo o presidente e a modelo Lílian Ramos. O presidente em exercício da Fiesp, Max Schrappe, 60, presidente da Abigraf (Associação Brasileira da Indústria Gráfica) e dono da Impressora Paranaense S.A., entende que o episódio é caso de impeachment, mas diz que isso seria "ruim" para o país, porque atrapalharia a votação do Plano FHC 2 e a revisão. A seguir, outras opiniões sobre o caso:
D. Paulo Evaristo Arns, cardeal-arcebispo de São Paulo: "Sempre defendi o presidente, mas acho que foi uma cena chocante. Toda a nação ficou chocada. Sua assessoria deve estar humilhada e deveria ser trocada o bastante. Acho que ele já está arrependido. Não sei, porém se é muito justo o presidente pagar por todos aqueles que exageraram no Carnaval".
Luiz Inácio Lula da Silva, presidente nacional do PT: "É um assunto já superado. Foi uma atitude inocente do Itamar. Acho que nenhum brasileiro é contra o Itamar namorar".
Antônio Carlos Magalhães (PFL), governador da Bahia: "O presidente deveria pedir desculpas à nação. Seu procedimento no Sambódromo foi um desrespeito. Fruto do acaso, o senhor Itamar Franco chegou à Presidência para moralizar hábitos e costumes, mas está fornecendo exemplos que jamais poderão ser seguidos pelo povo. Itamar sempre representa o erro e, em alguns casos, o pecado."
Alceu Collares (PDT), governador do Rio Grande do Sul: "Ele agiu como um velhote assanhado. O Brasil é vítima de uma maldição política. Isso provou que o presidente não está preparado para o cargo que ocupa."
D. Aloísio Lorscheider, cardeal-arcebispo de Fortaleza: "Foi falha da segurança. Eles não deviam ter permitido que qualquer pessoa subisse ao camarote. Não quero julgar o presidente, mas ele é uma pessoa pública que deve manter o decoro.".
Luiz Antônio de Medeiros, presidente da Força Sindical: "A Lílian sem calcinha fez mais estrago do que um bando do Comando Vermelho com revólver. Ela é uma profissional e conseguiu o objetivo dela. Mas o presidente tem de ter postura. O bom é que o Fernando Henrique não estava presente e não se comportou como o Maurício Corrêa. Senão eu não ia mais conseguir discutir salário com ele sem me lembrar do episódio e rir."
General Nilton Cerqueira, presidente do Clube Militar: "Só tenho um sentimento: estupefação. Todo presidente é uma autoridade pública e deve cuidar da imagem daquilo que ele representa. O fato do presidente ter posado ao lado daquela atriz foi um vexame para toda a nação brasileira. Foi um acinte."
Lawrence Pih, 51, presidente do grupo Moinho Pacífico: "Foi falta de decoro e de pudor. Como presidente, Itamar deveria pensar mais no país, dar exemplo ao povo. Seu ato também prejudica o relacionamento com o Congresso."

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