São Paulo, quinta-feira, 17 de fevereiro de 1994 |
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Barítono Nelson Portela critica a programação de ópera de São Paulo
MARCIA CAETANO
O diretor do núcleo de óperas do Conservatório do Rio, o barítono Nelson Portela, ficou indignado com a programação de óperas para esse ano do Teatro Municipal de São Paulo, divulgada pela Folha. Ele critica o maestro Isaac Karabtschevski por realizar as mesmas óperas que serão encenadas no Rio. "A 'Carmem', de Bizet, que será apresentada em julho deste ano, foi anunciada por nós em setembro do ano passado. Não entendo como o senhor Isaac Karabstchevski coloca também uma 'Carmem', em julho, na programação de São Paulo", questiona Nelson Portela. "Outra coincidência fabulosa é que nós, em novembro, estamos estreando 'Madame Butterfly', de Puccini, e eles, em dezembro, no Festival de Natal, estão encenando a mesma ópera", revela o barítono. "Acho um absurdo, principalmente porque fazer 'Madame Butterfly' no Natal é totalmente inadequado", conclui Portela. Mas não é só a programação de óperas de São Paulo que deixa o barítono irritado. Para ele, há uma falta de bom senso generalizada no mundo da música erudita. "São Paulo está sendo palco de um embuste. Existe um cantor chamado Franco Iglesias, que dá aulas de canto em São Paulo por verdadeiras fortunas, que é um enganador", afirma Portela. 'O senhor Iglesias afirma que foi professor do tenor Plácido Domingo e, de fato, foi, quando o Plácido tinha 15 e ele dizia que o maior tenor da atualidade era barítono", diz. Portela critica também o fato de o cantor José Carreras ter cobrado US$ 400 mil para cantar no Brasil. "É um absurdo total, uma pessoa que já está em fim de carreira, que apresentou um concerto vexatório em São Paulo, ganhar essa quantia imensa", diz o barítono. Mas, apesar da indignação, Portela começa a preparação das óperas que serão encenadas no Rio este ano. O núcleo de ópera já deu início aos ensaios da ópera "Bodas de Fígaro", de Mozart, que estréia no dia 19 de maio. Segundo Portela, a ópera "Bodas de Fígaro" é ideal para esse tipo de montagem. "A ópera é uma comédia de costumes. E será apresentada no melhor teatro mozartiano que nós temos, que é a Sala Cecília Meireles, cuja acústica é perfeita". Texto Anterior: 'Relatório pode ter sido alterado' Próximo Texto: Selo Creation comemora dez anos de barulho Índice |
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