São Paulo, quinta-feira, 17 de fevereiro de 1994
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País lembra mundo árabe de século atrás

CHRIS HEDGES
DO "TRAVEL/THE NEW YORK TIMES"

País lembra mundo árabe de séculos atrás
Abertura para estrangeiros só se tornou possível depois da unificação do Iêmen do Norte e do Sul, em 1990
Com uma superfície de 536,9 mil km2 e uma população de 12 milhões de habitantes, o Iêmen é um dos poucos países árabes que se conservou intocado, apesar dos prédios de concreto que fazem parte do legado da ex-União Soviética a seus Estados-clientes. O Iêmen do Sul foi aliado da ex-URSS de 1967 a 1978. Depois da unificação do Iêmen do Norte e do Sul, em 1990, só agora o país está se abrindo ao mundo exterior. Apesar disso, ainda preserva aspectos de um modo de vida mais antigo.
Diferentemente da maior parte da península arábica, a paisagem que cerca Sanaa, a capital, é em muitos lugares verde e fértil. A bacia em que a cidade se situa é cercada por montanhas, algumas delas coroadas pelas muralhas de antigas fortalezas.
Sanaa tem meio milhão de habitantes e seus arredores são pontilhados por pequenas fazendas. As plantações de trigo e cevada criam faixas verdes-claras pelas encostas montanhosas. Choupanas feitas de pedras em vários tons de cinza se fundem com os penhascos.
A cidade velha de Sanaa ainda tem as casas estreitas com paredes de barro que caracterizavam o mundo árabe séculos atrás. Ela é cercada por grossas muralhas que, antes da derrubada do Imã em 1962, eram trancadas todas as noites. Com a exceção de alguns carros e fios elétricos, a modernidade não chegou à cidade velha.
A arquitetura é um dos principais prazeres de quem vai ao Iêmen. Faixas geométricas, formadas por tijolos de barro em alto relevo, marcam as divisões entre os andares e emolduram as janelas das casas. Feiras ao ar livre vendem temperos variados, enchendo o ar de aromas de especiarias.
O mercado da cidade velha tem uma seção especial de jóias iemenitas, que há 50 ou cem anos eram as mais famosas do mundo islâmico. As melhores peças são as antiguidades de prata. O trabalho dos judeus iemenitas pode ser reconhecido pela filigrana, que a diferencia do trabalho dos prateiros muçulmanos, que preferiam inscrições do Corão. (Chris Hedges)

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