São Paulo, domingo, 20 de fevereiro de 1994 |
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Deputado passou 4 anos na prisão \</FD:ASSUNTO\> EUGÊNIO NASCIMENTO
A cidade de Itabaiana (a 56 km de Aracaju) é reduto eleitoral do deputado estadual Francisco Teles de Mendonça (PPR), o Chico de Miguel, o mais conhecido coronel de Sergipe. O deputado diz que não gosta da alcunha de coronel e nega manter sob controle os eleitores do município, um dos mais importantes de Sergipe, com 52 mil habitantes. "As pessoas votam em mim e em quem eu indico como forma de agradecimento, pois ajudo muito os pobres e eles me retribuem", afirma. Esse relacionamento de "troca de favores", como ele mesmo reconhece, é resultado da confiança existente entre o deputado e seus seguidores desde 1966, ao iniciar sua carreira política. Nos anos de 1969 e 1976, quando esteve preso, conseguiu eleger dois prefeitos por meio de bilhetinhos que enviava da penitenciária para seus correligionários. "Eu sabia que o povo não iria me faltar num momento difícil como aquele", declara. Em 1969, Chico de Miguel foi preso sob a acusação de ter assassinado o deputado Manoel Teles, seu adversário político. "Eu não matei Manoel Teles. Fui preso e tive meus direitos políticos cassados por causa de opositores que fizeram acusações para conquistar o meu espaço político", afirma. Ele ficou preso durante três anos e saiu após provar sua inocência. A outra prisão, ocorrida em 1976, foi decorrência da morte de um pistoleiro conhecido como Pernambuco. O deputado admite ter sido o autor do crime. "Matei o Pernambuco no meio da praça porque ele andava contando vantagens e pretendia me apagar. Isso o povo entendeu e se manteve fiel a mim", relata. O assassinato de Pernambuco lhe custou mais um ano de prisão. Estava foragido e se entregou a pedido dos filhos. No julgamento, foi aceita a tese da legítima defesa e ele foi absolvido. Para Chico de Miguel, "a morte desse rapaz (Pernambuco) foi uma limpeza da cidade. O povo até hoje me agradece. Meus adversários dizem que sou um homem violento, que faço e aconteço, mas nunca andei armado e eles andam com capangas por aí". O estilo de fazer política do deputado é apontado por ele como a razão de seu prestígio. "É o jeito que eu tenho de tratar o povo, a minha sinceridade e as boas administrações feitas pelos prefeitos que eu indiquei para a minha terra que garantem esse prestígio que tenho", comenta. Apesar da popularidade, Chico de Miguel perdeu as duas últimas eleições para a Prefeitura de Itabaiana, que passou a ser controlada por políticos locais ligados ao governador João Alves. Ele atribui as derrotas ao Judiciário, acusado de auxiliar seus opositores. Não explica como, mas garante que não vai perder a próxima eleição em Itabaiana. O deputado afirma não ser um homem rico. "Hoje, tenho só uma fazenda e pouco mais de 500 cabeças de gado. Mas tudo que ganho reverto também em ajuda para o povo, que recebe remédios, feira e dinheiro quando está precisando. Nunca fui egoísta", afirma. Entre os moradores da cidade, há os que o idolatram e os que não simpatizam com ele. "Meu marido vota nele, mas eu e meus cinco filhos, não", diz a comerciante Carmosa Teles Ferreira. O feirante Luiz Carlos Santos considera o deputado o maior líder da região agreste de Sergipe. Santos diz que vota em quem Chico de Miguel recomenda desde 1980."Não é só eu não, mas todo mundo aqui deve favores ao deputado", afirma. (EN) Texto Anterior: Maia votou em Lula em 89 Próximo Texto: Cidade tem uma rede de ciclovias Índice |
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