São Paulo, terça-feira, 22 de fevereiro de 1994 |
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Importações geram redução do plantio
DA AGÊNCIA SAFRAS As duas últimas temporadas não foram motivo de comemoração para os plantadores de algodão de todo o país.Ao contrário, a indefinição de uma política por parte do governo e a concorrência do algodão importado fizeram com que a produção nacional despencasse de 717 mil toneladas em 1990/91 para 410,5 mil toneladas em 1992/93. Para a safra que começa a ser colhida no final de fevereiro deste ano, a situação não se modificou. Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apontam uma redução de 16,7% na área plantada. No Paraná, principal estado produtor, a semeadura caiu cerca de 35%. Em 93/94, além do produtor iniciar a safra desestimulado e pouco capitalizado, as condições climáticas também não colaboraram no início do plantio. Os cotonicultores paranaenses enfrentaram uma estiagem que atrasou em um mês o preparo do solo e o plantio. A área plantada só não sofreu uma redução maior, porque a Secretaria de Agricultura do Estado ampliou o prazo de garantia para os agricultores e ofereceu incentivos extras para a aquisição de sementes. Em São Paulo, o quadro também não foi dos melhores, com o plantio sofrendo uma queda entre 3% e 6%. Durante o desenvolvimento vegetativo, os algodoais sofreram com o clima irregular e o surgimento de algumas doenças que eram do desconhecimento dos agrônomos, caso da "murchadeira", e com a infestação do bicudo. Com a baixa remuneração das últimas safras, o produtor se descuidou dos tratos culturais, o que prejudicou o rendimento das lavouras e facilitou a propagação de doenças. Já no Mato Grosso a área plantada aumentou. O Estado deve colher uma safra entre 7% e 13% maior. A exemplo de Goiás, os matogrossenses estão apostando na tecnologia para combater o desestímulo governamental. Tentam também reverter a tendência, que se repete nos últimos três anos, da ocupação do espaço da lavoura algodoeira pelas culturas de soja e milho, bem melhor remuneradas nos mercados interno e externo. Em relação à comercialização, o produto nacional vem recebendo nos últimos anos uma forte concorrência do produto importado, que apresenta preços mais atrativos e prazos de pagamentos mais longos. Nos últimos três meses, entretanto, o mercado internacional alterou completamente o seu patamar de preços. Na Bolsa de Nova York, as cotações subiram de US$ 0,55 por libra-peso para US$ 0,75. Esta alta nos preços é consequência da quebra na safra de pelo menos três importantes produtores de algodão da Ásia: Índia, China e Paquistão. Com isso, as exportações norte-americanas aumentarão e a indústria nacional deve sentir a concorrência. A expectativa do mercado é de que o produtor receba melhores preços durante a comercialização da safra nova, mesmo com a retração dos compradores. O Brasil deve colher uma safra de 400 mil toneladas de algodão em 1993/94 e deve importar outras 400 mil toneladas para garantir o suprimento do mercado interno. Texto Anterior: Pesquisa desenvolve teoria da "bomba" Próximo Texto: Produção de milho cai 11,8% em SP Índice |
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