São Paulo, terça-feira, 22 de fevereiro de 1994
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Pesquisa desenvolve teoria da "bomba"

DO ENVIADO ESPECIAL

Munefumi Matsubara, dono da fazenda Progresso em Lucas do Rio Verde (MT), é um aficcionado por pesquisas de manejo de solo e sementes. Foi através de sua persistência e investimentos de US$ 950 mil do próprio bolso que foi desenvolvida a "teoria da bomba", pelos pesquisadores franceses Lucien Segui e Serge Bouzinac.
A técnica consiste em manter a fertilidade na superfície da terra, através da plantação de produtos como milho, sorgo ou milheto no intervalo das culturas de arroz e soja.
Os técnicos observaram que a chuva intensa durante seis meses do ano e forte calor na estiagem, características do cerrado, propiciam rápida lixiviação. Com isto, os nutrientes descem para o subsolo, inviabilizando a agricultura.
"Foi preciso ligar uma 'bomba' com a plantação de palhadas, que buscasse a fertilidade a dois ou três metros para baixo", explica Bouzinac. Matsubara lembra que antes das pesquisas, com apenas três anos de plantio, os solos se tornavam improdutivos.
Em 85, foi iniciado na fazenda Progresso um estudo através da observação de sementes e manejo da terra, realizado em 150 lotes de 0,8 hectare. "O que a planta aceitasse passaria a ser lei", diz Munefumi.
A pesquisa deu resultado e provou que o sistema de rotação de culturas, com plantio direto de soja e arroz, em combinação com as palhadas é o caminho para o cerrado.
"A tecnologia da bomba simula o que uma floresta faz. O Brasil é o primeiro país do mundo a usar este modelo", afirma o biólogo francês Claude Bourguignon, 41.
Hoje a perspectiva de produtividade da soja é de 5.000 quilos/ha e do arroz sequeiro, 4.800 quilos/ha.

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