São Paulo, terça-feira, 22 de fevereiro de 1994
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Comissão adia para 30 de março o leilão de venda do Lloyd Brasileiro

EDNA DANTAS
DA SUCURSAL DO RIO

A Comissão de Privatização decidiu ontem adiar para 30 de março próximo o leilão para venda da participação estatal na Companhia de Navegação Lloyd Brasileiro. O leilão estava previsto para o dia 10 de março. Outro adiamento "provável", segundo o presidente da comissão, André Franco Montoro Filho, é a venda da Embraer (Empresa Brasileira de Aeronáutica), prevista para o dia 25 próximo.
Montoro Filho disse que as mudanças nas datas são para cumprir as regras do programa de desestatização. A legislação em vigor, segundo ele, determina a publicação do edital, fixando o preço-mínimo e a quantidade de ações, com um mês de antecedência.
O edital do leilão do Lloyd será publicado nesta sexta-feira. O preço-mínimo para compra, fixado pela comissão, é de US$ 26,5 milhões. Do total que irá a leilão (99,7%), 20% serão destinados aos empregados da empresa e, o restante, 79,7%, irá a leilão. Das ações reservadas ao empregados, 10% serão subsidiadas e 10% serão oferecidos ao preço-mínimo.
A venda do Lloyd, que inclui a transferência de uma dívida de US$ 100 milhões ao comprador (outros US$ 167 milhões foram assumidos pelo Tesouro), não envolverá dinheiro, só títulos da dívida pública, conhecidos como moeda podre. Segundo Montoro Filho, a direção da empresa ainda vai doar ao Tesouro, como fiel depositário, obras de arte avaliadas em cerca de US$ 400 mil. "Os quadros ficarão no Palácio do Planalto", disse.
No caso da Embraer, que soma uma dívida de US$ 900 milhões (parte dela já negociada), faltou à comissão uma aprovação prévia do ministro Fernando Henrique Cardoso (Fazenda) para "bater o martelo" quanto à fórmula de negociação destas dívidas.
Segundo Montoro Filho, US$ 200 milhões já estão acertados, outros US$ 300 milhões devem ser assumidos pelo Tesouro e o restante, US$ 400 milhões, ainda estão pendentes. O valor econômico da Embraer, pela avaliação feita pela comissão, é de US$ 5l9,9 milhões.
A comissão marcou para 3 de março o leilão das sobras da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional). Serão vendidos 8,84% do capital votante da empresa, pelo preço-mínimo fixado pela média dos últimos 15 pregões.
Ontem, o presidente da comissão estava comemorando um ano no cargo. Ele fez um balanço do programa de desestatização no período –iniciado em fevereiro de 93. "Durante este ano foram realizados nove leilões, sete com sucesso, sendo quatro de controle e três de participações minoritárias expressivas", disse Montoro.
Nesse período, o governo arrecadou, segundo Montoro Filho, US$ 4,484 bilhões, sendo 94% em moeda podre e apenas 6% em dinheiro. O presidente da comissão fez uma relação entre os resultados do programa e o ajuste fiscal que está sendo discutido no Congresso.

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