São Paulo, terça-feira, 22 de fevereiro de 1994
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Cólera provoca intervenção em Fortaleza

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

O governador do Ceará, Ciro Gomes (PSDB), decretou ontem estado de emergência em Fortaleza por causa da epidemia de cólera. A cidade registrou este ano mais de 10 mil casos, 81% do total do Ceará e 70% do total do país, segundo a Secretaria Estadual da Saúde.
O decreto significa uma intervenção do governo nas ações básicas de saúde em Fortaleza. O novo plano de combate ao cólera, sob responsabilidade da Secretaria Estadual da Saúde, define um prazo de 90 dias para levar a doença a níveis endêmicos –ou seja, com média de dez casos ao dia. Fortaleza chegou a registrar até 300 novos casos por dia em janeiro deste ano.
Treinamento
A principal medida do plano é o treinamento de 2.100 agentes de vigilância recrutados entre técnicos da saúde, policiais militares e lideranças comunitárias. Eles vão distribuir hipoclorito de sódio em cada casa de Fortaleza, ensinar medidas de tratamento da água e dos alimentos e encaminhar os casos suspeitos às unidades de saúde.
A base de informações montada na Secretaria Estadual da Saúde vai controlar e receber os dados das comunidades e dos hospitais sobre novos casos de cólera. Os nove distritos sanitários de Fortaleza serão monitorados diariamente pelo serviço de vigilância epidemiológica. As escolas da rede pública e particular vão incluir aulas de educação sanitária nos currículos e treinar os estudantes para o combate ao cólera.
Diagnóstico
A Secretaria Estadual da Saúde também pedirá um parecer oficial do Ministério da Saúde para diagnosticar a epidemia de cólera em Fortaleza. A secretária estadual da Saúde, Anamaria Cavalcante, não quis falar em manipulação de dados por parte da prefeitura, mas diz acreditar que muitos dos casos registrados como cólera são diarréias comuns nesta época do ano.
A orientação é voltar a realizar exames laboratoriais para diagnosticar pelo menos 10% dos casos de cólera. Hoje, 98% dos casos estão sendo diagnosticados clinicamente e apenas 2% foram comprovados por exames de laboratório.

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