São Paulo, terça-feira, 22 de fevereiro de 1994
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"Em Nome do Pai" leva o Urso de Ouro

AMIR LABAKI
ENVIADO ESPECIAL A BERLIM

O drama britânico "Em Nome do Pai" (In the Name of The Father) de Jim Sheridan, baseado em fatos reais e indicado também ao Oscar de melhor filme, recebeu ontem o Urso de Ouro do 44º Festival Internacional de Cinema de Berlim. Dois outros lembrados pela Academia saíram premiados: Tom Hanks, por "Philadelphia", foi eleito o melhor ator, e Rosie Perez, indicada ao Oscar de coadjuvante por "Sem Medo de Viver" (Fearless) de Peter Weir, mereceu uma menção especial. O concorrente brasileiro, "A Terceira Margem do Rio", não recebeu nenhuma citação.
O segundo principal troféu, o Urso de Prata para o Prêmio Especial do Júri, foi para "Morango e Chocolate", de Tomas Gutierrez Alea e Juan CArlos Tabio, que já havia vencido em dezembro último o festival de Havana. O polonês Krzysztof Kieslowski ficou com o Urso de Prata de melhor diretor por "Três Cores: Branco". A estreante britânica Crissy Rock recebeu o Urso de Prata para melhor atriz por "Ladybird, Ladybird" de Ken Loach. Até aqui, muita justiça e nenhuma surpresa.
Apenas duas vitórias secundárias foram inesperadas. O drama "O Ano do Cão", de Semion Aranovich, sobre um romance entre dois outsiders na Rússia de hoje, ganhou um Urso de Prata. O prêmio para melhor filme europeu, batizado "O Anjo Azul", foi para o modesto "O Jovem Juiz" de Alessandro di Robilant.
Polêmicos mesmo apenas dois prêmios menores. Alain Resnais levou o Urso de Prata para maior contribuição individual pela originalidade de "Smoking/ No Smoling". Foi uma concessão ao cineasta ("Hiroshima, Mon Amour") e não aos filmes. Difícil descobrir "as novas perspectivas para a arte cinematográfica" descobertas pelo júri no coreano "Hwaomkyiung", de Chang Sun-Woo, que levou o Prêmio Alfred Bauer.
Foi uma premiação equilibrada e bem recebida pela imprensa. Berlim-94 teve a melhor mostra competitiva dos últimos cinco anos, apesar dos fracos ciclos paralelos "Panorama" e "Fórum"). Foi um ato de coragem do produtor britânico Jeremy Thomas ("O Pequeno Buda") presidir um júri que concedeu o grande prêmio a um filme francamente repudiado pela imprensa inglesa. "Em Nome do Pai" trata de um dos principais escândalos judiciários na Grã-Bretanha deste século. O jovem irlandês Gerry Conlon, parte de sua família e três amigos amargaram até 15 anos de cadeia por serem injustamente condenados por um ataque terrorista no IRA na Londres de 1974. Jim Sheridan ("Meu Pé Esquerdo") extraiu da história um drama sempre tenso que em nenhum instante escorrega para o panfletarismo, seja pró-IRA ou anti-inglês. A imprensa britânica de forma geral tem atacado o filme por pequenas licenças dramáticas. Berlim-94 pôs ontem os pingos nos "is".

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