São Paulo, terça-feira, 22 de fevereiro de 1994
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ONU estuda ultimato em outras áreas da Bósnia

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

As forças de paz da ONU em Sarajevo consideram cumprida a missão de assumir o controle sobre as armas pesadas que ameaçavam a capital da Bósnia-Herzegóvina e agora o Ocidente planeja aplicar no resto da ex-república iugoslava a mesma política de pressão por um cessar-fogo.
Um dia depois de esgotado o prazo dado pela Otan para que os sérvios entregassem seus armamentos, o porta-voz das forças de paz em Sarajevo, Bill Aikman, afirmou que os "capacetes azuis" já haviam recolhido a armazéns da ONU 260 peças de artilharia dos sérvios e outras 45 do Exército bósnio (controlado pelos muçulmanos). "Mas há muitas outras armas sob controle de unidades das forças de paz; a missão está cumprida", afirmou.
Para o general britânico Michael Rose, comandante das forças da ONU na capital bósnia, a iniciativa de forçar os sérvios que sitiaram a cidade por 22 meses a entregar suas armas sob ameaça de sofrerem ataques aéreos da Otan foi "um sucesso". Ele advertiu, porém, que "não há maneira de manter uma ilha de paz num mar em guerra".
Em Paris, o chanceler britânico, Douglas Hurd, afirmou que Reino Unido e França estão estudando como propor uma nova resolução do Conselho de Segurança da ONU sobre a Bósnia que leve o cessar-fogo obtido em Sarajevo a se espalhar por toda a república. O chanceler alemão, Helmut Kohl, defendeu uma conferência internacional pela paz na Bósnia.
O presidente francês, François Mitterrand, disse num pronunciamento na TV que seu governo vai propor ao Conselho de Segurança que Sarajevo seja colocada sob tutela da ONU como parte de uma iniciativa para levar os beligerantes da Bósnia a assinarem um acordo de paz. Ele advertiu, porém, que qualquer violação do cessar-fogo em Sarajevo será respondida com ataques aéreos da Otan.
Em Washington, o presidente norte-americano, Bill Clinton, disse que a ameaça da Otan contra os sérvios "continua de pé", apesar de os EUA estarem satisfeitos com a retirada dos armamentos. "O ultimato continua em vigor", afirmou o secretário de Estado Warren Christopher.
Apesar da trégua em Sarajevo, os combates prosseguiram ontem em diversos outros pontos da Bósnia. Segundo as forças de paz da ONU, os sérvios retomaram o bombardeio contra a cidade muçulmana de Bihac (noroeste da república) e as aldeias próximas de Cazin e Bosanska Krupa. Muçulmanos e croatas retomaram as hostilidades no vale do Dobrosin e em torno de Vitez e Gornji Vakuf, na Bósnia central.
"Nós temos que continuar a guerra pela libertação de toda a Bósnia", disse o vice-ministro bósnio da Defesa, Arif Pasalic. A ONU teme que as armas pesadas retiradas de Sarajevo sejam deslocadas para outras cidades, em especial as que foram designadas pelo Conselho de Segurança da ONU como "áreas protegidas" (Srebrenica, Tuzla, Brcko, Mostar e Gorazde).

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