São Paulo, quarta-feira, 23 de fevereiro de 1994
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Raquetes e raquetes

THALES DE MENEZES

Começa a ser veiculada no próximo dia 1º de março a nova campanha publicitária da Wilson nos EUA e no Japão. Nela, a fábrica norte-americana de raquetes exibe sua nova garota-propaganda, a alemã Steffi Graf. Depois de uma década fiel às raquetes Dunlop, Graf trocou de marca no final da temporada passada. No entanto, nos bastidores do circuito todos sabem que seu contrato com a Wilson estava acertado desde agosto, por US$ 7 milhões/ano.
Se a Wilson já tinha garantido o acordo com Graf, por que esperou dois meses para começar a propaganda, já que a alemã está usando a raquete desde janeiro? É que estava esperando passar as primeiras semanas do contrato para evitar o "efeito Connors".
A fábrica queria saber se Graf aprovava o modelo criado para ela. Seria trágico para a empresa se começasse a veicular uma raquete como sendo "a nova de Steffi Graf" e depois a tenista pedisse outro modelo. Mas Graf está invicta com a nova raquete. Venceu em Hong Kong, Melbourne e Tóquio. Aliás, a alemã dá a impressão que venceria até com uma raquete de pingue-pongue.
O citado "efeito Connors" é um fantasma na história da Wilson. Nos anos 70, a empresa desenvolveu seu modelo Wilson T2000, um de seus maiores sucessos de vendas. Feita de alumínio, com a cabeça redonda e um "arame" trançado no aro para prender o encordoamento. Muito leve e com uma suave vibração, a raquete permitia drives mais longos com menos força nos golpes. Para os iniciantes, que têm dificuldades para aprofundar as rebatidas, a raquete era um presente do céu.
O garoto-propaganda era Jimmy Connors, número 1 do ranking. Vendeu como água. Rendeu outros modelos, T3000, T4000 e T5000, basicamente a mesma raquete com acabamentos diferentes.
Em 1979, a Wilson percebeu que as vendas do modelo estavam caindo. Era resistente demais e durava muito na mão dos tenistas. Resultado: fim de produção da T2000 e a criação de novo modelo para Connors. Três meses depois, o tenista botou a boca no mundo. Ele detestava a nova raquete e não conseguia se adaptar.
Enquanto o modelo não era modificado, Connors pegou suas velhas T2000 na garagem e foi à luta, desprezando o contrato para usar a nova raquete. Todo mundo perdeu nessa história. Por isso, a Wilson e as outras marcas já estão escoladas no "efeito Connors".

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