São Paulo, quinta-feira, 24 de fevereiro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Falcão ameaça retaliar e faz queixas a Lula

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

A já crônica crise do PT obrigou o deputado estadual paulista Rui Falcão, vice-presidente do PT, a marcar hoje uma viagem para se encontrar com Luiz Inácio Lula da Silva em Santa Catarina. Falcão, líder da ala ortodoxa do petismo, vai se queixar a Lula do "cerco" que avalia seu grupo estar sofrendo. O que mais tem irritado Falcão é a persistência das críticas da bancada do partido à Executiva do PT e a manobra, que teve a participação de Lula, para tentar retirar a candidatura do deputado José Dirceu ao governo paulista.
Falcão ameaça partir para a retaliação pública no confronto com a bancada. Os alvos principais são o líder do PT na Câmara, José Fortunati (RS), e o deputado José Genoino (SP). A avaliação da corrente de Falcão, que na prática controla hoje o partido, é que os parlamentares estão travando uma luta política com o objetivo de desacreditar a cúpula petista na opinião pública.
É provável que, na reunião dos dias 5 e 6 de março, o Diretório Nacional reveja o veto à participação do PT no Congresso revisor. Uma das alternativas estudadas é jogar sobre a bancada a responsabilidade sobre qualquer decisão, até as que eventualmente atinjam alguns dogmas petistas. Outra é autorizar a participação mas com tantas ressalvas que ficaria deslegitimada a adesão do partido à revisão. O objetivo da segunda hipótese é constranger e isolar deputados como Genoino, Chico Vigilante (DF) e João Paulo Pires (MG), defensores da entrada incondicional na revisão. A bancada reivindica a autonomia mas aceita que nas questões polêmicas haja consulta à Executiva.
O episódio Dirceu também não foi absorvido. O raciocínio do grupo de Falcão é que Dirceu está sendo sacrificado com o objetivo de derrubar a política restritiva de alianças estabelecida pela cúpula. Será proposto, na reunião do diretório, que sejam nomeados os dirigentes que podem negociar alianças pelo PT. Seria uma forma de desautorizar negociações informais que vão contra os limites impostos pela cúpula.

Texto Anterior: Alves acusa CPI de forjar documentos
Próximo Texto: MP pode investigar atos do governo Fleury; Processos de cassação na Câmara se arrastam; Parecer pela cassação de Aragão é aprovado; Consea discute combate à miséria em reunião
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.