São Paulo, quinta-feira, 24 de fevereiro de 1994
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Tédio fez da cidade capital do rock na década de 80

DA REPORTAGEM LOCAL

A tradição de Brasília como cidade do rock não vem de hoje. Lá pelo meio dos anos 80, alguns garotos -punks de classe média- vieram para o Rio e para São Paulo tentar a sorte. Fizeram muitos shows no underground: Madame Satã, Napalm, Circo Voador, Crepúsculo de Cubatão. Os garotos eram os integrantes de bandas que hoje em dia todo mundo conhece. Como a Legião Urbana, a Plebe Rude e o Capital Inicial.
A velha geração de Brasília tem algumas coisas em comum com a de hoje. Eles também começaram a tocar por amor ao rock e ódio ao tédio, que como lembra o guitarrista da Legião Dado Villa Lobos, assola a cidade. "Se a gente não formasse nossas bandas não ia ter o que fazer", diz.
A informação –discos, revistas, e o resto- vinham de fora. Filhos de diplomatas traziam as coisas dos lugares da onde vinham. Hoje Brasília tem lojas de discos, fanzines, e tudo o mais.
Tanto os veteranos como os novatos amam Brasília e dizem que aprenderam com o tédio a se divertir. "Se a gente não tinha o que fazer chegava e falava: 'vamos dar um show essa noite?' ", conta Dado.
O tão falado tédio brasiliense serviu de inspiração até para uma música da Legião. "Tédio (com um T bem grande para você)" romantizava o tédio do planalto. "Andar a pé na chuva/ às vezes eu me amarro/ não tenho gasolina/ também não tenho carro", cantava Renato Russo.
Dado, que na época de Brasília era presidente de um tal clubinho chamado "Clube da Criança Junkie", incentiva as novas bandas a deixaram a capital. 'Para se projetar nacionalmente as pessoas têm que sair de lá e batalhar muito". O guitarrista incentiva isso pessoalmente. Ele e André Muller, da Plebe Rude, são donos do selo Rock it!, que vai lançar o Low Dream.

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