São Paulo, sábado, 26 de fevereiro de 1994
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Ministros

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Fernando Henrique Cardoso vem lamentando, há uma semana, que só falam bobagem de seu plano. Que inventam, que fazem contas erradas, que julgam mal. Bem que todos tentam acreditar no ministro da Fazenda. Mas quando os próprios colegas de governo começam a julgar mal o plano FHC, fica difícil. Ontem, outros dois apareceram para reclamar.
Até agora, na televisão, eles já somam quatro ministros. O mais revoltado é o do Trabalho, Walter Barelli. Segundo o Jornal Bandeirantes, o recém-convertido ao PSDB pediu demissão na madrugada de anteontem para ontem, mas acabou sendo contido pelo tucano José Serra –no que foi batizado, segundo o telejornal, de "Operação Acalma Barelli".
Walter Barelli não está sozinho. Antes dele, o ministro da Previdência Social já aparecia para reclamar de uma conversão restrita aos salários. E ontem foi a vez dos ministros da Saúde e da Administração, com reclamações indiretas. O primeiro falou para o TJ Brasil: "O meu problema é o orçamento da Saúde. Ele está extremamente baixo."
O segundo, que tem mais peso porque é um ministro de origem militar, falou ao Jornal Nacional: "O problema dos militares é o mesmo do funcionalismo civil. É o nível salarial. Tem que proteger o poder aquisitivo." Um pensamento nada diferente daquele de sindicalistas como Vicentinho e Medeiros, que voltaram a mostrar a sua preocupação.
O que pensa o ministro da Fazenda? Não parece dar bola, ao que indica seu comentário sobre a possível saída de Barelli, no TJ. "O ministro sabe que o governo está fazendo o que pode. Tenho certeza de que vai continuar nos ajudando." Pelas suas palavras, Barelli nem faz parte de seu governo. O governo é ele, FHC.
Ministra
Enquanto os ministros todos brigam na defesa dos seus interesses políticos, a ministra dos Transportes tem outras preocupações. "Margarida, a Breve", na piada do âncora do TJ, sumiu de Brasília. "Viajou", segundo assessores. Não estava lá para explicar o bilhete do marido lobista, solicitando verbas ao próprio Ministério.
A explicação dele, no Jornal Nacional e no TJ, é primorosa: "O bilhete é uma forma natural que eu tenho de trabalhar. Além de falar, eu costumo colocar no papel. Acima de tudo, tem que escrever, para dar maior transparência."

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