São Paulo, sábado, 26 de fevereiro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Juro deve crescer na 3ª fase

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os juros reais (descontada a inflação) estarão mais altos na fase três (a da criação da nova moeda) do que na fase dois (a da criação da URV como indexador) do Plano FHC. Eles poderão triplicar em relação ao patamar atual.
A trajetória presumida pela paletra de Edmar Bacha, assessor especial da Fazenda e um dos pais do Plano FHC, é a seguinte: com a entrada da URV, os juros seguem no patamar atual, mas poderão subir se existir especulação com preços ou qualquer ameaça de um incremento do consumo maior do que o desejado. Nessa segunda fase, o mercado parte de um juro real mínimo de 1,8%, que poderá subir para 2% se for necessário.
Na virada da segunda para a terceira fase do plano, as taxas devem cair nominalmente. É que a taxa de inflação deve cair abruptamente. No entanto, o juro real vai explodir.
No mercado financeiro, estima-se como cenário uma inflação de 2% no primeiro mês da nova moeda. Com os juros ficando no patamar de 7%, como os aventados por Bacha, o juro real (descontada a inflação) pularia para 77% ao ano contra um patamar atual de 23% ao ano.
Os números exatos podem não ser estes, mas o raciocínio é que importa. Ou seja, a inflação mais baixa (bem mais baixa, acredita a equipe) vai empurrar as taxas nominais de juros para baixo, o que não quer dizer que a política monetária ficará menos ou mais austera.
Ao contrário, as declarações e as expectativas do mercado financeiro mostram que a provável trajetória é de um juro real crescente da segunda para a terceira etapa do Plano FHC.
O mercado conta com a experiência de integrantes da equipe de FHC que já participaram de outros planos. O que se comenta é que erros de planos anteriores não deverão ser repetidos.
Edmar Bacha, que hoje é um dos pais da URV, também já foi um dos pais do Plano Cruzado em 86. Um dos motivos que teriam levado o Cruzado ao fracasso foi a forte demanda, provocada justamente pela combinação de juros baixos e aumento do poder de compra dos salários.

Texto Anterior: Divulgação será segunda-feira
Próximo Texto: Itamar Franco fica irritado com juros altos
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.