São Paulo, sábado, 26 de fevereiro de 1994
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Barelli e FHC discutem regra de salário

DA AGÊNCIA FOLHA E DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro do Trabalho, Walter Barelli, disse que se não for mudado o critério da conversão dos salários pela média dos últimos quatro meses, ele sai do governo até segunda-feira. A declaração foi dada ontem ao "Jornal do Commercio de Pernambuco", durante visita a Petrolina. O ministro foi à cidade para lançar um plano de municipalização contra o desemprego.
Segundo o jornal, o ministro pretende negociar para que se os salários forem convertidos pela média, os preços também tenham o mesmo índice. Ele declarou também ao jornal que o arrocho salarial é uma medida que não combina com este governo e que a estabilização é necessária, mas não sobre o salário do trabalhador.
O ministro ainda não definiu sua situação no governo. Ele estava disposto a deixar o ministério se não conseguisse mudar algumas propostas do plano econômico. Barelli ia conversar ontem à noite com o ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, sobre o que discorda no plano.
A Folha apurou que Barelli quer um mínimo superior a US$ 70 no momento da conversão, regras que evitem arrochos salariais e igualdade entre preços e salários na conversão. Barelli considera que o plano da forma como está elaborado pode trazer perdas para os trabalhadores e ele não quer assinar em baixo.
A agenda de Barelli previa que ele viajaria ontem para Petrolina (PE) e depois iria a Campinas (SP). Sua agenda foi revista na quinta-feira à noite, depois que FHC telefonou para ele e pediu para voltarem a conversar.
Pela manhã, FHC afirmou que Barelli "é um homem responsável, acompanha o que está acontecendo e sabe que o governo está fazendo o máximo que pode. Tenho certeza que ele vai continuar nos ajudando e ajudando ao país porque hoje a gente faz o que pode e não o que deseja. Quem está no governo, não está para agradar em medir consequências", disse FHC.
Ontem, depois de retornar de Petrolina, Barelli reuniu-se com o deputado José Serra (SP), líder do PSDB, para discutir suas posições. Assessores de Barelli confirmaram que Serra estava tentando garantir sua presença no governo e a intenção do ministro era depois se reunir com FHC.

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