São Paulo, sábado, 26 de fevereiro de 1994
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Ministro discorda no essencial

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

A divergência entre os ministros Fernando Henrique Cardoso e Walter Barelli é ampla e atinge pontos essenciais. Barelli não está insatisfeito com detalhes do Plano FHC, mas condena a idéia básica, que considera neo-liberal. Para o ministro do Trabalho, o plano busca a estabilização através do arrocho de salários.
O estudo preparado pelos assessores de Barelli, na maioria oriundos do Dieese, afirma que os salários, na entrada do plano FHC, serão piores do que em todos os programas anteriores. E não se trata de consertar a fórmula de conversão para URV. Para a assessoria, o Plano FHC depende do arrocho salarial e da alta de juros, ou seja, de uma recessão, para conter o consumo e assim estabilizar os preços.
A divergência parece insanável porque Fernando Henrique Cardoso e sua equipe estão convencidos de que não haverá perda salarial na conversão pela média real dos últimos quatro meses e, mais ainda, que os salários continuam livres, podendo ser aumentados a qualquer momento por negociações entre as empresas e os trabalhadores.
Quanto aos juros, a equipe de FHC afirma que a taxa será alta apenas no momento de transição, na fase dois, que deve durar de dois a três meses.
Mas as divergências entre Barelli e Fernando Henrique vão além. O ministro do Trabalho defende que seja adotado algum tipo de controle de preços. O ministro da Fazenda acha inócuo e desnecessário: os preços se estabilizariam sem isso. A assessoria jurídica de Barelli acha que o plano tem problemas legais. E o ministro do Trabalho acredita que seja difícil aprovar o plano no Congresso tal como está.
Já Fernando Henrique Cardoso está convencido que o Plano é bom e receberá o aval dos congressistas. Enfim, os dois tucanos estão em rota de colisão frontal.

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