São Paulo, sábado, 26 de fevereiro de 1994 |
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Bomba é vista sem concessões
INÁCIO ARAUJO
Produção: Japão, 1989, 100 min. Direção: Shohei Imamura Canal: Bandeirantes, 22h30. Certo está Shohei Imamura. Para encarar uma catástrofe das dimensões da bomba atômica de Hiroxima, convém ter ganho antes pelo menos a Palma de Ouro em Cannes (o que ele fez em 83 com "A Balada de Narayama"). Ainda assim, tomou a providência de tomar como base "Chuva Negra", romance do venerável Masuji Ibuse (editado no Brasil pela Marco Zero). Ibuse estava lá na hora em que a bomba estourou e toda a história gira em torno da experiência pessoal do romancista e de sua sobrinha, também ela apanhada pela "chuva negra" que a explosão libera. Ora, o que se tem a ver não é muito agradável. No momento imediato à explosão, o mínimo que existe é gente se decompondo pelas ruas. Mas existe o "day after", concentrado na questão da moça. Por exemplo, a dificuldade de casar quando existe a suspeita de ser vítima da radiação. Imamura tratou este assunto tão pouco cinematográfico com uma secura, uma dignidade e uma atenção aos detalhes que acaba tornando sua visão delicada (na medida do possível). O Imamura iconoclasta de outros filmes é preferível, mas este realiza quase o prodígio de tornar visível um tema central da história contemporânea, sem concessões. O dia tem boas opções, mais leves, de "Irmãs Diabólicas", de De Palma, que desta vez a Globo promete exibir mesmo (após incontáveis adiamentos), até "Os Machões", comédia de Reginaldo Faria inferior a "Os Paqueras" ou "Pra Quem Fica Tchau", mas outra demonstração de seu talento como realizador. (Inácio Araujo) Texto Anterior: Entro em férias e que a URV te abençoe! Próximo Texto: Shaw e Sartre clareiam as trevas do século Índice |
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