São Paulo, sábado, 26 de fevereiro de 1994
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Gibiteca é opção para quem curte quadrinhos

GABRIEL BASTOS JUNIOR
DA REPORTAGEM LOCAL

Quem gosta de quadrinhos não precisa se desesperar porque a grana não dá para comprar tudo. Com um pouco de sorte, na sua cidade existe um refúgio para os amantes dos gibis: são as gibitecas, que reúnem revistas para leitura, material de pesquisa, raridades e ainda funcionam como um pequeno centro cultural com espaço para RPGs ("role-playing games"), fanzines e outras coisas.
A mais antiga é a de Curitiba, fundada em outubro de 1982. Além do acervo de 20 mil exemplares (com coisas antigas como "Reco-Reco, Bolão e Azeitona" ou "O Tico-Tico"), ela se transformou em ponto de encontro para interessados, promovendo oficinas e exposições de HQs. O próximo passo é tentar fazer um museu. "Temos muitas raridades e queremos preservá-las", diz Márcia Squiba, 29, coordenadora geral.
O RPG virou uma espécie de filho adotivo das gibitecas. A Henfil, em São Paulo, também tem espaço aberto para quem quiser jogar todos os sábados, além de participar diretamente na organização de eventos, tanto de quadrinhos como de RPG. "Desde a fundação (em maio de 1991) participamos de alguma forma de tudo o que se fez sobre quadrinhos no país", afirma Klink Jr., 39, bibliotecário.
Além de ser a maior do Brasil, com 27 mil revistas, a Gibiteca Henfil é também recordista de público com uma média de 180 visitantes por dia. A maioria lê as revistas lá mesmo, mas parte do acervo pode ser emprestado por até uma semana para quem for sócio.
Se tornar um ponto de encontro para quem curte quadrinhos e afins é também a intenção da Gibiteca Pública de Brasília, que é, segundo seu fundador e coordenador Tetê Catalão, 45, "uma filha adotiva da Henfil". Ele diz que seu trabalho está apenas começando, porque o espaço só funciona há seis meses, e reconhece que seu acervo de 2.000 revistas, com apenas uma coleção completa –a do Pasquim–, ainda é "tímido". Mesmo assim, o curso permanente de quadrinhos, com aulas nos fins-de-semana, já tem 87 pessoas na lista de espera.
O leque de atividades das gibitecas parece não ter limites. O projeto Gibiteca: Leitura-Prazer, criado por Regina Helena Gaglianone, 46, e Arlete Gonçalves Thereza, 40, coordenadoras da Biblioteca Popular Olaria-Ramos, no Rio de Janeiro, foi além da idéia de oficina. Através da gibiteca elas organizam concursos com estudantes da região de Olaria e Ramos (bairros da zona norte da cidade) e editam uma revista com o trabalho dos vencedores. A última (já foram feitas quatro) falava do Carnaval em Ramos, com espaço óbvio para a Imperatriz Leopoldinense.

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