São Paulo, sábado, 26 de fevereiro de 1994
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Matador quis 'remover' árabes

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Baruch Goldstein, o colono israelense nascido nos EUA que massacrou dezenas de palestinos ontem, propôs em 1981 a expulsão de todos os árabes da Cisjordânia. Em carta escrita em 30 de junho daquele ano ao "The New York Times", Goldstein diz que os árabes devem ser levados a deixar a região "de um jeito ou de outro".
Segundo Goldstein, a única forma de Israel evitar uma "situação semelhante à da Irlanda do Norte é remover a população árabe de dentro de suas fronteiras". Na mesma carta, diz que entregar a Cisjordânia aos palestinos iria apenas ameaçar a segurança israelesne e "trair a verdade bíblica".
Um porta-voz dos colonos judeus disse que Goldstein passava por uma crise mental desde que um amigo e o filho foram mortos em 6 de dezembro. Quando chegou ao local da emboscada, Goldstein encontrou Mordechai e Shalom Lapid mortos.
Em novembro último, Goldstein jurou vingança contra os árabes depois de tratar um colono judeu ferido no mesmo local do massacre de ontem, a Tumba dos Patriarcas, em Hebron. A Rádio do Exército de Israel retransmitiu uma entrevista com Goldstein feita após o ataque. "Novamente o inimigo árabe nazista, que se esforça por atacar qualquer judeu porque ele é um judeu na terra de Israel, feriu um judeu", disse Goldstein.
Casado e com quatro filhos, Goldstein, 42, nasceu no distrito do Brooklyn (Nova York) e se formou em medicina na Faculdade de Medicina Albert Einstein. Criado em uma família religiosa, Goldstein se tornou um seguidor do rabino Meir Kahane, extremista morto em 1990. O palestino El-Sayyid Nosair, preso com armas nas proximidades do local do atentado, foi acusado pelo atentado, mas absolvido. Ele acabou condenado por posse ilegal de armas. Kahane defendia a violência para expulsar todos os árabes de Israel e dos territórios ocupados.
Goldstein imigrou para Israel e se estabeleceu na colônia judaica de Kiryat Arba há 11 anos. Seu ódio aos árabes se refletia até na sua prática em medicina. Em 1982, enquanto servia como médico do Exército israelense no Líbano, Goldstein se recusou a tratar árabes feridos.

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