São Paulo, sábado, 26 de fevereiro de 1994 |
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Carnificina pode fazer processo de paz avançar
SÉRGIO MALBERGIER
As colônias judaicas nos territórios palestinos ocupados são hoje o principal entrave para o início da retirada israelense da faixa de Gaza e Jericó (Cisjordânia), previsto para ter começado em 13 de dezembro passado, segundo o acordo de paz original. O governo israelense deve usar a comoção causada pelo massacre de ontem para isolar ainda mais os 120 mil colonos de Gaza e Cisjordânia do resto dos israelenses. Eles são os principais opositores do plano de paz. Mas enquanto o premiê israelense, Yitzhak Rabin, pode fortalecer sua posição após o massacre, o líder da OLP, Iasser Arafat, vai enfrentar mais pressões dos seus subordinados palestinos, que cobram os prometidos dividendos da paz. Com sua autoridade contestada mesmo dentro da OLP, Arafat não tem alternativa, a não ser a de lutar pela implementação o mais rápido possível do acordo. Recuar agora seria fim a médio prazo. O processo de paz, em si, é irreversível. O fim da Guerra Fria tirou o combustível do conflito árabe-israelense e as batalhas (ferozes) passaram a ser travadas nas mesas de negociação. O presidente dos EUA, Bill Clinton, já sinalizou que a melhor resposta ao massacre de ontem é o avanço nas negociações. Clinton tem no acordo Israel-OLP, assinado com pompa nos jardins da Casa Branca, o maior (e talvez único) trunfo de sua política externa até aqui. Vai se esforçar pelo seu sucesso. Apesar de declarações como a de que o massacre de ontem foi "o último prego no caixão do acordo de paz" (Jibril Rajub, assessor de Arafat para os territórios ocupados), e dos dias violentos que se avistam em Gaza e Cisjordânia, israelenses e palestinos só têm a ganhar com a paz. A bestialidade do massacre é a maior prova disso. Texto Anterior: Clinton diz que diálogo Israel-OLP continua Próximo Texto: CS da ONU debate a chacina Índice |
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