São Paulo, sábado, 26 de fevereiro de 1994
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NY espera veredicto um ano após atentado

FERNANDA GODOY
DE NOVA YORK

Exatamente às 12h18 de hoje, os sinos das igrejas de Nova York tocarão em memória das seis vítimas do atentado terrorista no World Trade Center, ocorrido há um ano. O veredicto de quatro acusados pelo mais grave atentado terrorista da história dos EUA deve ser anunciado semana que vem, após cinco meses de julgamento.
Ontem, parentes das vítimas e autoridades como o governador do Estado de Nova York, Mario Cuomo, lotaram a igreja de São Pedro, no sul de Manhattan, em missa pelo aniversário da explosão que deixou mais de mil pessoas feridas. As torres gêmeas do World Trade Center, marco de Nova York, recebem diariamente cerca de 130 mil pessoas (50 mil funcionários).
A promotoria pública convocou 207 testemunhas e exibiu aos jurados –oito mulheres e quatro homens– 1.003 peças consideradas provas da culpa de Mohammad Salameh, Ahmad Ajaj, Mahmud Abouhalima e Nidal Ayad. As provas apresentadas pela acusação incluem fragmentos do carro dentro do qual a bomba teria sido introduzida no WTC, materiais químicos encontrados em poder de um dos acusados e fitas de vídeo que ensinam a fabricar bombas e a explosão, com um carro-bomba, de um prédio com a bandeira dos EUA.
Os 12 integrantes do júri também viram contas telefônicas e registros de reservas de passagens aéreas através dos quais a promotoria tenta provar a existência de uma conspiração entre os acusados. Ahmad Ajaj, preso seis meses antes da explosão no WTC ao tentar entrar nos EUA com passaporte falso, viajava em companhia de Ramzi Ahmed Yousef, quinto e principal suspeito, que fugiu para o Iraque horas após o atentado.
A situação mais difícil é a do palestino Mohammad A. Salameh, 26, que, segundo provaram as investigações do FBI, alugou o carro usado no atentado e o armário onde estavam estocados os produtos químicos supostamente empregados na fabricação de bomba. Salameh alega que o carro foi roubado antes da explosão e que os químicos eram para a loja de um amigo.
No encerramento dos debates, o advogado de Salameh, Robert Precht, complicou a situação de seu cliente ao dizer que ele havia sido envolvido involuntariamente em uma conspiração. Precht tentou transferir a responsabilidade pelo atentado ao ausente Yousef, desagradando aos advogados dos demais acusados –eles negam a conspiração e o fato de que a causa da explosão foi uma bomba.
Nidal Ayad, palestino naturalizado norte-americano, é acusado de comprar químicos que teriam sido usados e de enviar mensagens aos meios de comunicação reivindicando a autoria do atentado. O egípcio Abouhalima é acusado de participar da mistura dos químicos e de ter sido visto abastecendo o carro-bomba na manhã do ataque.

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