São Paulo, domingo, 27 de fevereiro de 1994
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Estatal tem prejuízo de US$ 26 mi

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma das 27 empresas estatais paulistas, a Cosesp (Companhia de Seguros do Estado de São Paulo), registrou prejuízo de US$ 26 milhões em seu último balanço semestral e apresenta, com o governo Fleury, os piores resultados em seus 26 anos de operações no mercado.
A Folha apurou que os problemas financeiros da estatal são tão graves que, na última sexta-feira, diretores se reuniram para discutir uma maneira de cobrir os contracheques de fevereiro.
Fleury nomeou há três anos para a presidência da empresa Carlos Puppio Marcondes, uma indicação política do deputado Ary Kara José (PMDB-SP). Ele foi afastado do cargo em maio do do ano passado e nomeado para uma das diretorias do Banespa. Seu substituto, Eduardo Antonio Peres Fernandes, não conseguiu evitar um prejuízo operacional que corresponde a 35% dos "prêmios" arrecadados com a venda de apólices.
Embora seja, em termos nacionais, a 16.ª empresa de seguros quanto ao patrimônio líquido, a Cosesp ocupa a 88.ª e última colocação na lista dos resultados operacional e industrial. As dificuldades da Cosesp são teoricamente estranhas, na medida em que ela possui, por lei, a reserva de mercado para as apólices de todo o patrimônio do Estado.
Os números que a própria seguradora revela à Susep (Superintendência de Seguros Privados), órgão do Ministério da Fazenda, trazem indicadores curiosos. As despesas administrativas, sobretudo com pessoal, eram de 19,7% da receita ao fim do governo Montoro. Agora correspondem a 83%, praticamente o quádruplo da média praticada pelo mercado, de acordo com estatísticas do setor processadas por uma seguradora privada, a Paulista de Seguros.
A Folha apurou que foram cometidos enganos na compra de equipamentos de informática (US$ 7 a US$ 10 milhões) e a comercialização de seguros que o mercado rejeitou. É o caso da apólice "Cosesp on line", para a assistência a veículos. A Cosesp também lançou um programa de assistência aos passageiros que circulam por estradas estaduais. Mas ela não vem pagando as vítimas de acidentes –o que seus dirigentes negam– e consome US$ 180 mil por mês para o aluguel de quatro helicópteros.
Enquanto isso, o seguro agrícola, a princípio a vocação inicial da estatal, possui hoje em sua carteira apenas 17 mil apólices, contra 70 mil há dez anos.

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