São Paulo, domingo, 27 de fevereiro de 1994 |
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Desempregados vendem capim na Bahia
LUIZ FRANCISCO
O saco do produto custa CR$ 200,00. Nas compras acima de CR$ 10 mil o cliente ganha um desconto de 15%. "Vendo em média 50 sacos por dia", disse Gessivaldo Carneiro dos Santos, 14. Junto com dois primos e um amigo, Gessivaldo acorda duas vezes por semana às 2h para chegar ao local do trabalho às 6h. "Viajar quatro horas foi a única forma que encontrei para enfrentar o desemprego.", diz. Desespero O administrador de uma fazenda em Simões Filho (BA) Marinaldo Brandão Cirne, 42, disse que a seca, além de provocar uma queda de 60% na produção agrícola, também está dizimando o gado. Segundo Brandão Cirne, os agricultores e fazendeiros "estão desesperados com a situação". Na última quinta-feira o administrador e mais dois funcionários da fazenda foram obrigados por policiais e replantar o capim que havia sido retirado com raiz. "Isto provoca erosão", disse um PM ao administrador. Os pequenos agricultores que não podem pagar o frete transportam o produto em cavalos. O frete sai entre CR$ 20 mil e CR$ 50 mil, dependendo da distância da fazenda. "Faço pelo menos três viagens por dia", informa Marcos Soares Santana, 19, que trabalha em um sítio localizado a seis quilômetros da rodovia que liga Salvador a Feira de Santana. Sem chuva O motorista Cândido Souza, 54, observa que três vezes por semana viaja 150 quilômetros para cortar e vender capim aos fazendeiros de Serra Preta, município onde cada família recebe apenas 40 litros de água por dia. "Faz dois anos que não chove na cidade e todos os moradores estão enfrentando muitas dificuldades." Texto Anterior: Presidente procura saída Próximo Texto: Maioria dorme no "trabalho" Índice |
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