São Paulo, domingo, 27 de fevereiro de 1994
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Desenhos 'falam' da cidade; Foto retrata violência no Rio

Desenhos 'falam' da cidade
A seção "Cidade Nua" vem sendo publicada pela Revista da Folha desde 1991. Ocupa lugar privilegiado, a última página da revista, e sempre mostra algum ponto ou detalhe da cidade de São Paulo através de desenhos da arquiteta Carla Caffé.
"Cidade Nua" concorreu ao Prêmio Folha com quatro trabalhos, publicados entre setembro e dezembro de 1993. Mostravam a cobertura do acesso à galeria Prestes Maia na praça do Patriarca, o interior da igreja de São Bento, a fachada do edifício Copan e a sala de brinquedos do edifício residencial Bretagne, sempre sob a visão pessoal da arquiteta.
"Uma cidade grande como a nossa é impessoal e anônima. 'Cidade Nua' mostra o outro lado", afirma Carla, 28. Para ela, o trabalho que faz na Revista da Folha "abre espaço para a linguagem do desenho na imprensa. A imagem é que transmite a idéia".
Carla começou a desenvolver esse trabalho quando morava em Nova York. Fez um caderno para si com desenhos daquela cidade. Quando voltou ao Brasil, decidiu fazer o mesmo com São Paulo e oferecer o trabalho ao jornal. "Cidade Nua" começou a ser publicada na Folha em 1990. Para Carla, que colabora com o jornal desde 1989, o prêmio é um reconhecimento a seu trabalho.

Foto retrata violência no Rio
Na tarde do dia 14 de outubro de 1993, a repórter-fotográfica Luciana Whitaker acompanhou uma "blitz" da Polícia Militar na favela Roquete Pinto, em Ramos (zona norte do Rio). Pela manhã, os grupos de traficantes rivais Comando Vermelho e Terceiro Comando haviam travado intenso tiroteio na favela e balas atingiram também o quartel do 24.º Batalhão de Infantaria Blindada do Exército.
Luciana entrou na favela junto com o grupo de policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da PM. As ruas da favela estavam vazias – com medo, os moradores não saiam de suas casas. Num momento, um soldado parou em frente a uma parede caiada de branco onde havia sido pintada uma bandeira do Brasil, já meio desbotada. Ele parou para ver se não havia perigo para continuar a busca dos traficantes.
Foi um instante. Luciana, em local privilegiado, bem diante da parede branca, fez a foto. O policial prosseguiu na "blitz", provavelmente sem se dar conta de que fora fotografado. O trabalho da repórter foi publicado na edição de 15 de outubro, na Primeira Página da Folha.
Para a repórter-fotográfica, que trabalha na sucursal do jornal no Rio, o prêmio foi uma surpresa. "Achei o máximo. É um estímulo", afirma Luciana, 29.

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