São Paulo, domingo, 27 de fevereiro de 1994
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Para Fazenda, acabou crise com militares

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Fernando Henrique Cardoso (Fazenda) disse ontem que a crise com os ministros militares foi superada e que o anúncio do plano amanhã é inadiável. Segundo FHC, os "equívocos dos assessores" do Ministério do Trabalho a respeito do sistema de conversão dos salários foram desfeitos nas reuniões de anteontem à noite na Fazenda. "Espero que eles entendam nosso esforço para que esta fase do plano não prejudique os trabalhadores," disse.
FHC disse que não há motivos para que "uns estilingarem os outros", referindo-se às divergências dentro do governo sobre as regras para a conversão dos salários. Ele afirmou que os salários serão corrigidos diariamente, enquanto os demais preços não.
Em duas conversas com a imprensa, FHC apresentou duas versões sobre o cálculo da média para conversão salários em URV. Ao sair de sua casa, disse que o cálculo da média seria feito com base no dia de pagamento (até quinto dia útil). Ao chegar no ministério, afirmou que o cálculo da média teria como base o valor do salário do último dia do mês. Ele informou ainda que os salários já convertidos em URV seriam reconvertidos em cruzeiros reais em 1º de abril, no dia do pagamento.
FHC considerou um erro dos demais ministérios a análise de que os salários seriam convertidos pela média do primeiro dia do mês, o que representaria o expurgo da inflação de fevereiro. Os cálculos da Fazenda teriam sido feitos desde o início com base no salário do último dia do mês. FHC explicou que houve um segundo erro devido a uma avaliação distorcida da cotação do dólar.
A insatisfação dos militares com o processo de conversão dos salários foi explicada. "Havia erro em algumas tabelas, que corrigimos", disse FHC. Ele disse que qualquer aumento real obtido pelos trabalhadores depois da conversão em URV será significativo. "Qualquer 10% será um dinheirão, porque equivalerá a um aumento em dólar."

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