São Paulo, domingo, 27 de fevereiro de 1994
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Fazenda reconhece perdas salariais

VIVALDO DE SOUSA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Documento do Ministério da Fazenda mostra que os servidores públicos civis e militares terão perdas salariais de 6% em março, quando os salários serão convertidos à URV (Unidade Real de Valor) pela média dos últimos quatro meses. A análise dos técnicos chegou ao secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Clóvis Carvalho.
As perdas estão sendo discutidas desde a noite da última sexta-feira entre os ministros Walter Barelli (Trabalho), Romildo Canhim (Administração Federal) e Arnaldo Leite Pereira (Estado-Maior das Forças Armadas). Pereira Leite se reuniu ontem pela manhã com Barelli e na saída afirmou que as perdas dos servidores seriam entre 6% e 7% no primeiro mês de aplicação da URV.
Segundo ele, Barelli estava elaborando por determinação do presidente Itamar Franco uma proposta para evitar as perdas. "Não gostaríamos de ter perdas em mês nenhum", afirmou. Após conversar com outros ministros militares, ele disse que "todos querem um degrau maior no momento da conversão".
A idéia de Barelli era encontrar alguma forma de evitar as perdas. Poderia ser através da concessão de um abono ou mudando o dia de referência para conversão dos salários em URV. A proposta ainda não havia sido fechada até às 13h, mas a intenção de Barelli era apresentá-la ainda ontem ao ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, e ao presidente Itamar Franco.
"O presidente da República não quer perdas para ninguém", afirmou Leite Pereira. Estudos elaborados pelo Ministério do Trabalho mostram que também os trabalhadores do grupo C teriam perdas salariais de 8%. Fazem parte desse grupo os trabalhadores com datas-base em março, julho e novembro.
Barelli também quer evitar estas perdas. Ele aceita a conversão pela média, mesmo sem regras iguais para preços, mas não abre mão de evitar perdas salariais. Outro ponto em aberto é a definição do salário mínimo. A proposta da equipe econômica previa um mínimo entre US$ 64 e US$ 65.
Barelli quer um número maior e ontem começou a discutir uma proposta com o ministro da Previdência Social, Sérgio Cutolo. A idéia de Barelli é aprovar um programa de recuperação do poder de compra do mínimo. Os estudos ainda não estavam fechados ontem.
Se FHC aceitar este programa, que elevaria o mínimo para US$ 100 até o final do ano ou até 1º de maio de 1995, Barelli concorda que o valor no momento da conversão fique próximo dos US$ 65. "Ainda não considero que o plano esteja bom, mas acho que vai ficar melhor", afirmou Barelli.

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