São Paulo, domingo, 27 de fevereiro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Cearense virou 'escrava alemã'

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

A cearense Francisca Eliane Rodrigues Lopes achou que era uma garota de sorte na noite em que conheceu um turista alemão, em 1989.
Aos 18 anos, ela era Maxilene, dançarina de striptease em uma boate em Recife. Ele, aos 43, empresário, estava encantado com as praias e as mulheres brasileiras.
Os dois namoraram e decidiram ir para a Alemanha, onde passaram três meses. Voltaram ao Brasil para casar, no dia 28 de março de 90.
Eliane viveu um ano na Alemanha e outro na Espanha. Mas o sonho de casar com um estrangeiro acabou virando um grande pesadelo.
O marido nunca levou Eliane para conhecer a família nem o trabalho dele. Um dia, apareceu com outra mulher.
Ela diz ter virado uma espécie de escrava de cama e mesa, obrigada a lavar roupa, cozinhar, arrumar a casa. "Quando ele não ficava satisfeito, me puxava pelos cabelos e me batia até cansar."
Eliane conta que chegou a abortar de uma gravidez de cinco meses depois de uma surra. Na Espanha, tentou se jogar de um prédio.
"Quando ela voltou, parecia uma louca. Passava dia e noite espanando a casa, acordava os irmãos para poder lavar os quartos", conta o pai de Eliane, o pintor de paredes José Oliveira, 46.O médico diagnosticou uma neurose provocada por traumas emocionais.
Hoje, ela tenta obter na Justiça uma pensão do ex-marido. Reassumiu o velho nome -Maxilene- e divide suas noites como cantora de uma banda de forró e o calçadão da Beira-Mar, ponto de prostituição em Fortaleza.

Texto Anterior: Brasil exporta 'esposas dóceis' para Europa
Próximo Texto: Zôo mantém fazenda para reprodução de animais
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.