São Paulo, domingo, 27 de fevereiro de 1994
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Crédito no novo indexador pode surgir logo

NILTON HORITA
DA REPORTAGEM LOCAL

A elite do mercado financeiro está trabalhando para valer. Os bancos querem deixar tudo pronto para as mudanças que vêm aí. Nesta semana, vão começar a tatear o interesse dos investidores em comprar CDBs indexados à URV (Unidade Real de Valor). Começam também a verificar as perspectivas de abertura de crédito pessoal de longo prazo com correção pela URV, mais juros. Como os salários vão ser reajustados pelo novo indexador, nada mais natural que oferecer crédito também atrelado a URV. "No primeiro momento, os juros serão altos e podem inibir a demanda. Depois devem ter uma acomodação e aí o grande produto será mesmo o crédito pessoal", afirma Maurício Schulman, presidente do Conselho de Administração do Bamerindus.
A partir de amanhã, conhecidas as regras, o Itaú vai começar um trabalho junto às agências. A idéia é lançar produtos de empréstimo e captação atrelados à URV. "Mas é preciso que os aplicadores aceitem a URV e confiem nela como indexador da economia", diz Carlos da Câmara Pestana, presidente do banco.
O Bamerindus escalou grupos de trabalho para estudar todas as alternativas possíveis do que pode vir a ser anunciado pelo governo. "Amanhã, o banco vai escolher a melhor forma de atuação. Temos muitas dúvidas ainda", reconhece Schulman, do Bamerindus. Mas "estamos prontos para abrir no dia seguinte ao anúncio oficial com uma estratégia apropriada aos nossos clientes", acrescenta.
O Unibanco, por sua vez, pretende manter todas possibilidades de investimento aos clientes na prateleira, mas sem forçar a venda junto à clientela. "Tudo depende da demanda", afirma Joaquim Francisdo de Castro Neto, vice-presidente de marketing da instituição. Para Norberto Barbedo, diretor financeiro do BCN, não haverá problemas de se vender produtos indexados à URV, pois toda a economia deve caminhar nessa direção.
Na segunda fase do plano, quando houver a troca de moeda, os bancos vão passar a vender apenas produtos pós-fixados, a prazos superiores a 30 dias. Assim é, também, o desejo manifestado pelo governo em conversas informais entre o Banco Central e representantes do sistema financeiro. Segundo Walter Kuroda, diretor de planejamento do Banco Nacional, é importante notar que o verdadeiro plano vai ocorrer quando houver a mudança de padrão monetário. "Na fase de indexador tudo será feito conscientemente, sem correria", afirma.
(NH)

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