São Paulo, domingo, 27 de fevereiro de 1994
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Para Luxemburgo, mudar tática é bobagem

DA REPORTAGEM LOCAL

A reconciliação com Telê Santana foi apenas a recuperação de uma amizade longa, diplomacia ainda considerada politicamente correta no futebol. Mas o objetivo de Wanderley Luxemburgo, técnico do Palmeiras, é ambicioso: derrubar o amigo do pedestal de melhor treinador em atividade no Brasil. Campeão paulista e brasileiro, Luxemburgo quer agora os títulos sul-americano e mundial interclubes, atualmente em poder de Telê. E, no caminho, não pode haver pedras –indignado com a reação do técnico são-paulino, que não o cumprimentou depois de um jogo amistoso, na Espanha, no ano passado, Luxemburgo não perdoou: "Ele já não é mais a imagem do futebol". Apesar de refeita a amizade, na semana passada, o técnico do Palmeiras quer deixar sua marca no futebol, já a partir do clássico de hoje. (UB)

Folha - Se a vitória de algum time hoje for contestada pelo outro, existe a possibilidade de uma nova briga?
Wanderley Luxemburgo - Não. O resultado da partida não pode interferir mais em nossa amizade. Temos a mesma filosofia de futebol, que pensa mais no ataque. Assim, não podemos ser inimigos nesse momento, em que muita gente quer atrapalhar.
Folha - O vencedor de hoje pode se considerar com grande chance de ser campeão?
Luxemburgo - De forma alguma. Só vai dar uma vantagem, como poder administrar melhor os próximos jogos contra equipes pequenas. Mas que adianta vencer agora e perder no jogo do returno? Pode ser traiçoeiro querer controlar os resultados. Estamos preparados para vencer.
Folha - A vantagem que o Palmeiras já tem na classificação não aumentará com uma vitória sobre o São Paulo?
Luxemburgo - Sei onde quer chegar. Não acredito que vá surgir algum campeão antes da metade do 2º turno. A diferença de pontos entre as equipes não é folgada, nem vai ser, porque toda partida é uma loteria. Ganha-se um ponto hoje, perde-se outro amanhã.
Folha - O time terá alguma tática especial para seu primeiro grande clássico?
Luxemburgo - E por que teria? O São Paulo é encarado como um adversário qualquer. Se vencermos, vamos ganhar os mesmos dois pontos que faturamos com a vitória sobre o Novorizontino. Seria bobagem mudar a estrutura tática do time. Aprimorar mais a defesa? Como, se os principais jogadores têm mais disposição ofensiva? Não cometo essa loucura.
Folha - Como isso exige uma preocupação com todos os jogos, há a possibilidade de o Palmeiras desconsiderar algum outro campeonato que disputa?
Luxemburgo - De forma alguma. Quero ganhar a Copa do Brasil para disputar a Libertadores do próximo ano. E quero vencer a Libertadores agora para ir a Tóquio, no final do ano. O Palmeiras agora só tem uma meta: conquistar muitos títulos. Por isso que não acredito em desgaste dos jogadores. Todos sabem que têm a ganhar.

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