São Paulo, terça-feira, 1 de março de 1994
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Plano divide presidenciáveis

DA REPORTAGEM LOCAL E DA

Brizola diz que só empresas ganham; Lula critica Barelli e prevê greve geral
Agência Folha
O Plano FHC recebeu uma série de críticas de pré-candidatos à Presidência. Os principais ataques partiram do governador do Rio, Leonel Brizola (PDT), e do pré-candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva. O governador de São Paulo, Luiz Antonio Fleury Filho (PMDB), o prefeito paulistano Paulo Maluf (PPR) e o governador da Bahia, Antônio Carlos Magalhães, disseram esperar que o plano dê certo. Orestes Quércia (PMDB) também fez críticas.
Segundo Brizola, "outra vez trata-se de soluções artificiais, simplesmente financeiras, que não atingem a essência do processo inflacionário".
Ele disse que os preços serão favorecidos pela conversão, ao contrário do que afirma o ministro Fernando Henrique. "É um plano para beneficiar as grandes empresas, as multinacionais e os bancos às custas da população trabalhadora." O governador afirmou também que o atual plano é um Cruzado com mais sofisticações.
Lula atacou o plano econômico, criticou os ministros Fernando Henrique Cardoso e Walter Barelli (Trabalho) e previu uma greve geral por causa das perdas salariais.
"Se não há clima para uma greve geral agora, haverá quando os trabalhadores perceberem que estão perdendo com o plano", disse Lula.
Ele afirmou que o programa econômico "faz parte de um conjunto de medidas do FMI e dos credores internacionais com o objetivo de estabilizar a moeda. Só é honestamente impossível fazer um plano econômico em que os salários são controlados e os preços ficam livres".
Fleury disse achar que o plano tem chances grandes de dar certo. "Preocupa-me, porém, o modo como os preços serão tratados. O governo precisa tomar medidas para conter o aumento injustificado de alguns preços nos últimos dias, como alguma forma de controle a fim de evitar remarcação de preços injustas", acrescentou.
Maluf disse que torce para as medidas darem certo. Acrescentou: "Deus permita que o ministro tenha planejado medidas para conter a inflação e aumentar o emprego. Só acho que, como o salário agora é em URV, o mais técnico seria congelar também os preços."
ACM disse que "não conseguiu entender nada" do novo plano econômico elaborado pela equipe do ministro Fernando Henrique Cardoso. "Eu estou igualzinho ao presidente Itamar, igualzinho ao ministério, igualzinho a 150 milhões de brasileiros, que não sabem coisa alguma sobre este plano".
Segundo ACM, "quem disser que conhece o plano, de um modo geral, está mentindo". O governador acrescentou que pedirá ao Nosso Senhor do Bonfim para que o plano dê certo.
Orestes Quércia, pré-candidato a presidente da República pelo PMDB, disse que "de tanto falar em planos desde que tomou posse, o ministro da Fazenda provocou a elevação da inflação de 22% para 40% ao mês. E agora comete mais um crime contra os trabalhadores, limitando os salários à URV e liberando os preços. Além de cometer esse crime contra os mais humildes, o governo ainda tem a suprema hipocrisia de dizer que faz campanha contra a fome".
Colaborou a Sucursal do Rio

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