São Paulo, terça-feira, 1 de março de 1994
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Massacre de Hebron; Aumentos em dólar; Segunda-feira de URV; Descaso com a saúde; Polícia Militar e os bancos; Médicos de carater; Ralo da ciência

Massacre de Hebron
"A Comissão Nacional de Diálogo Religioso Católico-Judaico, órgão da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), repudia energicamente o bárbaro massacre perpetrado em Hebron contra inocentes palestinos que rezavam em sua mesquita. Aliamo-nos a todos os homens e mulheres de boa vontade –cristãos, judeus e muçulmanos– determinados a impedir que os atos de um fanático comprometam os esforços de paz entre dois povos. A tragédia ocorrida torna ainda mais urgente o diálogo substancial entre as partes e a aceleração das negociações visando a uma paz justa e duradoura."
Leonardo Martin, coordenador da Representação Católica, e Henry I. Sobel, coordenador da Representação Judaica, da Comissão Nacional de Diálogo Religioso Católico-Judaico (São Paulo, SP)

Aumentos em dólar
"A diretoria do Manhattan Flat (administração autônoma) lamenta o enfoque dado pela Folha para a matéria 'Hotel vai aumentar os preços em dólar' (publicada na edição de ontem). Os preços das diárias do Manhattan equivalem a aproximadamente 90 dólares. Para os nossos mensalistas davamos 80% de desconto. Como os custos sobrepujaram os preços, decidimos reduzir o desconto de 80% para 75%. Convém ressaltar que nossas diárias não sofreram qualquer aumento. Os esclarecimentos ora prestados visam fazer com que os seus inúmeros leitores sejam corretamente informados, uma vez que a notícia publicada não relata a realidade dos fatos."
Frank Kreppel, do Manhattan Flat (Brasília, DF)
Nota da Redação – A Folha possui cópia da carta em que o hotel comunica aos seus hóspedes mensalistas o aumento de 25%. O documento não menciona qualquer redução de descontos. O aumento é justificado com o argumento de que a variação do dólar não acompanhou a inflação. A informação de que o aumento não vale para as diárias está contemplada na reportagem.

Segunda-feira de URV
"Amanhecemos nesta segunda-feira devidamente urvizados. O horizonte turvo que se abate o país foi naturalmente convertido em URV. Já não há mais nuvens negras no universo da nossa economia. É mais uma obra –ou experiência– dos cientistas econômicos. Temos que acreditar neste plano. Traduzindo em sorrisos, ninguém sairá perdendo. Agora, já posso pensar em dólares. Logo, existo. E se eu confiar cegamente na URV, será que resisto? Brasileiro tem que ser confiante. Sim, vai dar certo, Fernando Henrique sai candidato, derrota o monstro, o país nunca mais terá fome, miséria, desemprego e até a corrupção passará a ser expressa em URV. Com tudo dolarizado e o FHC sorrindo, em breve do Terceiro Mundo estaremos saindo."
Wilson Gonsalez (Garça, SP)
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"A posição defendida pelo Ministério da Fazenda quanto à conversão dos salários pela média dos valores no dia do pagamento, e não pelo valor inicial contratado, é a suprema consagração da lei de Gerson. Estaria sendo criado um amparo legal a picaretagens diversas, desrespeitando a vontade das partes pactuadas no contrato de trabalho. A nova versão da máxima, de fins que justificam meios, contraria a intenção manifesta na exposição de motivos do plano, no tópico 17(d), de acabar com a 'sociedade espúria entre a administração pública e o processo inflacionário'. Definitivamente, o que precisa acabar é o pacto da irresponsabilidade no trato do bem público com a sonegação fiscal e o trabalho informal, cujos 50% de evasão inviabilizam qualquer política social ou econômica."
Alberto Mac Dowell de Figueiredo (São Carlos, SP)

Descaso com a saúde
"Dizem os ex-governadores que o exercício prévio de função administrativa no Executivo os capacita para vôos mais altos, como a Presidência. Entretanto, creio que em certos casos a experiência só desqualifica. Para qualquer médico que, como eu, que trabalhou em hospitais do Estado, a ânsia de construir novos prédios de hospitais, abrir serviços sem o pessoal médico e de enfermagem minimamente necessários devido à remuneração irrisória, resultando em atendimento inadequado, insuficiente e ineficiente à população, denota o descaso com que o governador trata a saúde das camadas mais desprivilegiadas. Com certeza, dezenas de pacientes morrem todos os dias em decorrência desse fato."
Pinto Lapa Neto (São Paulo, SP)

Polícia Militar e os bancos
"Acho um absurdo a PM escoltar carro-forte de banco. O que não falta a estas instituições é dinheiro para resolver os seus problemas. A polícia deve ficar a disposição do cidadão."
Romeu di Sessa (São Paulo, SP)

Médicos de caráter
"Li com pesar no dia 26/02 a coluna do ilustre jornalista Gilberto Dimenstein, brilhante e culto, militante ativo do jornalismo denúncia, onde, comentando com acerto sobre um caso de má-conduta médica, deixa-se levar, com paixão excessiva, na crítica a toda uma classe que (ele mesmo faz ressalva de que existem ótimos profissionais), seguramente, em sua imensa maioria é composta de pessoas de grande integridade. Passa a desastrosa impressão de que seria o contrário."
Ithamar Nogueira Stocchero (São Paulo, SP)

Ralo da ciência
"Li o artigo 'Um ralo na ciência', de Fernando Reinach, publicado na Folha do dia 17/02. O emérito pesquisador parece ter tido a paciência de esperar mais de dois anos para receber o auxílio do CNPq e, então, bradar com ênfase sua inconformidade diante das mazelas existentes no mundo burocrático nacional, nas mais variadas instâncias de governo, mas direcionando a culpa ao CNPq, numa demonstração inequívoca de falta de informação e, o que é pior, prometendo não honrar as obrigações assumidas. Sei que muita coisa poderia ser mudada, a começar pelo julgamento dos projetos somente depois que o CNPq tivesse assegurado orçamento e efetiva disponibilidade financeira. O que se lamenta, profundamente, é o tratamento isolado da questão. Há complicações maiores. Já se foi fevereiro e o Orçamento de 1994 ainda não foi aprovado..."
Luiz Alberto F. B. Horta Barbosa, servidor do Conselho Nacional de Desenvolvemento Científico e Tecnológico –CNPq (Brasília, DF)

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