São Paulo, quarta-feira, 2 de março de 1994
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Fernando Henrique diz não a mudanças

LILIANA LAVORATTI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, não pretende negociar com o Congresso alterações no plano econômico, "mesmo que haja discursos violentos na tribuna". "Também sou parlamentar, conheço esse jogo", afirmou ontem o ministro. Ele sugeriu que os congressistas deixem de lado as "questões conjunturais neste ano de eleições" –como a Medida Provisória que cria a Unidade Real de Valor (URV)– "e se dediquem à revisão constitucional".
Somente depois de implantada a URV como indexador o ministro estará disposto a corrigir possíveis "equívocos" do plano. "Isso não vai acontecer no ponto de partida, vamos esperar a sociedade se manifestar em cima de resultados concretos", afirmou o ministro. Ele disse que os parlamentares saberão dar um voto de confiança à proposta, que ele definiu como "uma sistemática totalmente nova, que protege os salários da inflação e dá liberdade para a livre negociação". Segundo Fernando Henrique Cardoso, "os congressistas sabem que o povo não gosta de mentiras".
Precipitação
Apesar de admitir que a "URV não é uma vantagem visível a curto prazo", Fernando Henrique Cardoso pediu paciência ao Congresso. Segundo o ministro, qualquer alteração na Medida Provisória causaria um "mal enorme para o país" e seria "mera precipitação" dos parlamentares. Para evitar isso, o ministro já agendou uma série de conversas com lideranças políticas.
A primeira delas será hoje no Senado, onde Fernando Henrique Cardoso tentará convencer os senadores de que a proposta não pode ser mexida sob o risco de comprometer a fase mais importante, que é a criação da nova moeda, o Real.
Morte anunciada
O ministro argumentará junto aos políticos que a inflação cairá somente na terceira etapa. "Agora estamos preparando a morte anunciada. A inflação vai morrer quando o Real imperar. E vai ser logo", afirmou Fernando Henrique Cardoso.
O ministro da Fazenda voltou a afirmar que não é candidato. "Não fiz nada como ministro motivado por uma possível candidatura minha, do meu partido (PSDB) nem de ninguém", disse. Ele argumentou que se estivesse pensando na sucessão presidencial, seu plano não começaria pelo mais difícil, "Ao contrário, partiríamos para o congelamento de preços e salários", disse.

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