São Paulo, quarta-feira, 2 de março de 1994
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Encapuzados torturam e matam 6 no Rio

RONI LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

Seis homens, com idades variando de 11 a 33 anos, foram torturados e chacinados na madrugada de ontem, no conjunto habitacional do Quitungo, na Penha (zona norte do Rio). Após terem os braços amarrados para trás e perfurados com estocadas de chaves de fenda, foram mortos com pelo menos três tiros na cabeça, cada um.
Moradores do conjunto, onde residem famílias de baixa renda, disseram que um grupo com quatro ou cinco encapuzados chegou à portaria de um dos blocos por volta das 3h30. Subiram então até o apartamento 407, de quarto e sala, arrombaram-no e começaram a matança. Um sétimo homem, conhecido como Novato, teria escapado pulando a janela.
O delegado titular da 38º DP, Mario de Freitas Azevedo, afirmou estar investigando a hipótese de que um dos homens mortos, Eduardo Robson Moreira, 33, teria enganado Rogerinho Pica-Pau, que gerencia, no conjunto, a venda de drogas para o traficante conhecido como "Uê". Outra informação é que Moreira tinha sido gerente do traficante José Carlos dos Reis Encina, o "Escadinha", preso em Bangu 1.
Um morador, que pediu para não ser identificado, escreveu num bilhete os nomes dos cinco homens que teriam praticado o crime: Xuca, Ciel, Lico, Ivan e Ligano. Segundo ele, Ivan seria um ex-PM. Xuca, segundo outro morador, é um PM que chegou a ser acusado, no ano passado, de ter idealizado a chacina de Vigário Geral. O comando da PM inforinvestigará a denúncia levantada.
O crime ocorreu no apartamento da doméstica Nilta Leite, que teve uma crise nervosa ao ver três de seus filhos mortos: Almir Leite Leal, 11, Adriano, 15, e Adelino, 17. Além dos três e de Eduardo Moreira, morreram também José Ricardo Gomes de Araújo, 24, e Jorge Luis Trajano Cruz, 24. Moradores disseram que a doméstica quase não pára em casa e que em seu apartamento existia "um entra e sai danado de pessoas".

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