São Paulo, quarta-feira, 2 de março de 1994
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Vice, com louvor

THALES DE MENEZES

Domingo passado foi um grande dia para o tênis brasileiro. Três tenistas da terra disputaram finais de campeonatos. Luiz Mattar em Scottsdale (EUA), Roberto Jábali no México e Marcelo Saliola em San Salvador. Foi o suficiente para animar a gente envolvida com o tênis a ligar para as redações dos jornais na tarde de domingo, atrás dos resultados em primeira mão. E, aos poucos, as agências internacionais de notícias jogaram água fria na animação do pessoal. Os três foram derrotados.
Os brasileiros não gostam muito de vice-campeões. A maioria defende a máxima de que "vice e último são a mesma coisa". Está na hora de acabar com isso. Mattar venceu quatro jogos difíceis, um deles contra Malivai Washington (nº 20 do ranking mundial), e só perdeu para Andre Agassi, um dos maiores ídolos do esporte. Campeão de Wimbledon em 92, para ficar só nisso. Jábali trabalhou mais. Passou pelo qualifying no México, fazendo oito jogos em nove dias. Venceu sete, caindo diante de Thomas Muster, austríaco 11º do mundo e temido por todos em quadras de terra.
Mattar e Jábali merecem aplausos. E também Saliola, que disputou um torneio de menor expressão e perdeu para um egípcio desconhecido. Mas conquistou pontos importantes para melhorar seu ranking e conseguir entrar na chave de torneios mais badalados.
O tênis não é feito só de campeões. Nos 88 torneios da ATP Tour do ano passado, mais de 800 tenistas disputaram pelo menos uma partida, mas apenas 44 levantaram uma taça. Alguns várias vezes, como Sampras (8 títulos), Muster (7) e Stich (6). Esses ficam com as atenções da imprensa, mas quem tem oportunidade de acompanhar o circuito sabe que outros também dão espectáculo.
O francês Cedric Pioline virou "top ten" sem vencer um torneio em sua carreira. Fez um dos melhores jogos de 93 contra Courier, vencendo diante de 18 mil pessoas no US Open. Wally Masur (Austrália) e Brett Steven (Nova Zelândia) viraram partidas que pareciam perdidas contra adversários "top 20", em batalhas de mais de quatro horas. O holandês Jacco Eltingh foi o único a vencer no mesmo ano Sampras, Stich e Courier, os três primeiros do ranking. Quem viu Pioline, Masur, Steven e Eltingh sabe valorizá-los.
Com certeza, há um menino mexicano que está agora em seu clube imitando o backhand de Roberto Jábali, seu novo ídolo.

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