São Paulo, quarta-feira, 2 de março de 1994
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Paisagens de Degas revelam sua face oculta

FERNANDA GODOY
DE NOVA YORK

Com o frio polar que se apossou de Nova York nas últimas semanas, os museus são, decididamente, uma boa pedida para os visitantes enregelados. O Metropolitan, principal museu da cidade está abrindo duas novas atrações da temporada. Hoje será inaugurada a exposição de paisagens pintadas por Degas.
Na mostra, que poderá ser visitada até 3 de abril, estão 75 quadros, desenhos, aquarelas e gravuras do artista, todas tendo como tema paisagens. É a primeira vez que muitas dessas obras são reunidas desde uma exposição organizada pelo próprio artista, em Paris, em 1892.
Olhar Atento
Edgar Degas (1834-1917), um dos mestres do impressionismo, ficou mais conhecido por seus quadros e esculturas de figuras humanas, como a famosa sequência de bailarinas. A exposição do Metropolitan é uma oportunidade de se observar um lado menos célebre de sua obra.
Considerado um artista urbano, desinteressado pela natureza, Degas revela nesta amostra de seu trabalho um olhar atento às paisagens dos países que visitou, como Itália e Suíça, e de regiões da sua França, como a Normandia e a Borgonha. "Essa exposição deve ser uma grande surpresa para quem pensa que já conhece a obra de Degas", disse o diretor do Metropolitan, Philippe de Montebello.
Vesúvio
As primeiras paisagens que surgem aos olhos do visitante são italianas: o vulcão Vesúvio, em Nápoles, Roma, Florença. Degas passou três anos na Itália viajando e praticando a pintura ao ar livre. Na bagagem de volta, levou 60 obras. Sua paisagem favorita era o Vesúvio, do qual colecionava também quadros de outros artistas, como Corot.
Particularmente delicadas são as imagens pintadas pelo artista da costa da Normandia, no norte da França. A exposição tem também paisagens de montanhas com cavalos e quadros mais "reconhecíveis", como "Mulheres Penteando os Cabelos".
Templo de Dendur
Outra nova atração do Metropolitan é a abertura à visitação do interior do Templo de Dendur. Único templo egípcio remontado no hemisfério ocidental, o templo de Dendur ocupa uma imensa galeria envidraçada da ala Sackler do museu desde 1978.
Após anos de discussão, os curadores finalmente concordaram em permitir a entrada do público, em grupos de oito pessoas, no interior do templo. A visitação começou há dois dias. A concepção anterior dizia que o templo deveria ser visto como uma escultura.

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