São Paulo, quarta-feira, 2 de março de 1994
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Israel solta 500 presos; confrontos continuam

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O governo de Israel libertou ontem 500 dos 1.000 presos palestinos que pretende soltar até o fim-de-semana. Nenhum dos libertados havia sido condenado por atos terroristas. A OLP (Organização para a Libertação da Palestina) disse que a medida era insuficiente e combates entre palestinos e israelenses ocorreram pelo quinto dia consecutivo. Pelo menos 16 palestinos ficaram feridos. Soldados israelenses mataram um colono e feriram sua mulher. Segundo o Exército, o colono disparou primeiro.
Quatro integrantes do grupo guerrilheiro Hizbollah morreram em combates com tropas israelenses no sul do Líbano. Outros oito guerrilheiros do grupo libanês pró-iraniano ficaram feridos.
A administração dos territórios ocupados por Israel relaxou o toque de recolher em vigor para 2 milhões de palestinos. O chefe do Estado-Maior israelense, general Ehud Barak, disse esperar onda de protestos palestinos, a qual, segundo ele, o Exército não terá condições de conter completamente.
Na sexta-feira, o israelense Baruch Goldstein massacrou pelo menos 43 fiéis muçulmanos em uma mesquita de Hebron (Cisjordânia). A chacina levou a OLP a suspender as negociações com Israel e gerou a pior onda de violência na Cisjordânia e na faixa de Gaza em 27 anos de ocupação.
Para retomar as negociações, os palestinos exigem a libertação de milhares de prisioneiros. A OLP também insiste no desarmamento dos 120 mil colonos. Mas o ministro israelense da Polícia, Moshe Shahal, disse que serão desarmados apenas cem colonos do Kach –grupo de Baruch Goldstein.
O porta-voz da OLP, Iasser Abed Rabbo, disse que a organização vai apresentar ao governo norte-americano uma nova lista de exigências para retomar as negociações. Entre elas está o desmantelamento das colônias judaicas, como a de Kiryat Arba, onde morava Goldstein, e a presença de tropas internacionais nos territórios ocupados.
O primeiro-ministro de Israel, Yitzhak Rabin, admitiu a presença de observadores internacionais desarmados, mas rejeitou a remoção de colônias. Já o secretário-geral do Partido Trabalhista (governo), Nasim Zvili, disse em Paris que Israel deve admitir "a possibilidade" de retirar os colonos.
A OLP transferiu de hoje para sexta-feira a partida de delegados para Washington, onde deverão se encontrar com funcionários norte-americanos. Os palestinos não querem confundir esta missão com as negociações com Israel, cujo reinício estava marcado originalmente para hoje.
O secretário de Estado dos EUA, Warren Christopher, disse que Iasser Arafat, presidente da OLP, informou que a atual suspensão das negociações é apenas uma "pausa". No Congresso norte-americano, Christopher disse estar otimista em relação ao reinício das negociações.

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