São Paulo, quinta-feira, 3 de março de 1994
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Articulação tenta aliar candidatura a plano

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
DA REPORTAGEM LOCAL

Está tomando corpo nos meios políticos uma engenhosa operação para permitir que Fernando Henrique Cardoso seja candidato a presidente da República e continue ao mesmo tempo comandando o Plano de Estabilização. A operação: FHC deixa o ministério em 2 de abril, fazendo como sucessor um dos membros de sua equipe, por exemplo o presidente do Banco Central, Pedro Malan; FHC reassume sua cadeira no Senado e torna-se líder do governo, passando a comandar o plano do Congresso.
Certamente a operação torna-se mais fácil se o Congresso aprovar emenda que joga para 2 de junho a data em que os ocupantes de cargos executivos devem se desincompatibilizar para disputar as eleições de outubro. Mas como isso é duvidoso, os partidários de FHC procuram condições para sua saída em abril.
Todo o problema é que o cronograma do Plano de Estabilização não casa com o político. O plano precisa de dois a três meses para chegar à fase três, da criação do real, quando a inflação deve desabar. E FHC tem recomendado à equipe que não deve apressar o plano por razões políticas.
Finalmente, é preciso sustentar o Plano dentro do governo, em especial junto ao presidente Itamar Franco. Por tudo isso, se julgava que FHC estava prisioneiro do seu plano - se deixasse o ministério, o plano acabaria destruído.
A operação de colocar Malan no ministério e FHC como líder do governo no Senado parece matar a charada. Malan, que é respeitado por Itamar, tem todas as condições de operar o desenvolvimento do programa de estabilização. E FHC continua "pai do Plano", sustentando-o politicamente.
A coisa não está resolvida porque FHC tem dito a seus interlocutores que só vai pensar nisso a partir de 30 de março. FHC está entusiasmado e confiando que pode vencer a inflação, não desejando arriscar isso por uma candidatura.

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