São Paulo, quinta-feira, 3 de março de 1994
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PT participa da revisão para votar contra

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

O acordo interno para pôr o PT no Congresso revisor avançou ontem. Uma consulta informal entre membros da Executiva liberou a bancada para votar contra a emenda que modifica os prazos de desincompatibilização. Lula, por telefone, opinou a favor da liberação da bancada. Até ontem, a cúpula petista vetava a participação dos deputados do partido em qualquer votação, com exceção das relacionadas com o Fundo Social de Emergência.
O líder da bancada do PT na Câmara, José Fortunati (RS), conversou por telefone com Lula. Foi informado das bases do acordo, que está sendo construído pelo candidato à Presidência, Rui Falcão (vice-presidente do PT) e o deputado José Dirceu (SP). "Lula acha que a mudança não pode passar a idéia de que o PT quer colaborar com a revisão. Nós só votaremos em alguns pontos, para evitar o retrocesso", afirmou Fortunati.
O acordo entre deputados, Falcão e Lula pode sair num encontro extraordinário da Executiva, sábado, antes do início da reunião do Diretório Nacional do PT. Uma das exigências de Falcão, que na prática detém hoje o controle da direção do partido, é que a concessão da "autonomia" seja precedida de um documento com críticas duras à revisão e à forma como ela vem sendo encaminhada.
Dirceu tomou o comando da negociação por ser, entre os integrantes da bancada que são favoráveis à solução que permita o voto em alguns pontos da revisão, aquele que tem mais trânsito com Falcão. "Nós vamos entrar para inviabilizar a revisão porque ela já está acontecendo. Só que a bancada precisa de autonomia para operar, seja para boicotar ou até votar", declarou o deputado paulista.
O PT continuará lutando para que a ordem econômica não entre na pauta da revisão e a tática de obstruir seguirá como prioridade. Outra reivindicação do partido é o fim da votação em bloco.

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