São Paulo, quinta-feira, 3 de março de 1994
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Sequestro de menino de 9 anos provoca blitz em morros do Rio

PLÍNIO FRAGA
DA SUCURSAL DO RIO

O sequestro de um menino de 9 anos foi o estopim para uma operação nos morros da Coroa (em Santa Teresa, zona sul do Rio) e Providência (centro), com 150 homens da Polícia Federal (PF) e do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da PM. Foram apreendidos três quilos de cocaína, uma pistola e munição. Duas pessoas ficaram feridas e cerca de 20 foram detidas, mas liberadas em seguida.
A doméstica Maria José Julião Bento teve o filho de 9 anos sequestrado por traficantes na madrugada de ontem no morro da Coroa. Ela afirmou à polícia que os traficantes guardavam dinheiro em sua casa e que disseram que faltavam US$ 100 de um "bolo de dinheiro". Em represália, afirmaram que levariam o filho dela até que o dinheiro aparecesse.
Maria José decidiu então ir até a 7ª Delegacia de Polícia (Santa Teresa) dar queixa do sequestro. Disse aos policiais que tinha informações a dar sobre o tráfico de drogas no morro, mas que só prestaria depoimento na Polícia Federal porque incriminaria policiais civis e militares que atuariam junto com traficantes da quadrilha de Ronaldo, suposto responsável pela venda de drogas na Coroa.
Policiais da 7ª DP suspeitam que Maria José fosse responsável pela contabilidade e pelo caixa do tráfico. Ela nega. Diz que os traficantes a forçavam a guardar o dinheiro que arrecadavam. O filho de Maria José foi libertado no final da manhã próximo a um posto policial na entrada do morro.
Maria José chegou às 12h à PF. Às 15h, policiais da PF e do Bope saíram em duas blitzes. Na Providência, houve troca de tiros, duas pessoas ficaram feridas e 20 detidas para averiguação.
Na Coroa, Maria José, vestida com uma roupa preta e com máscara para proteger o rosto, acompanhou a PF e o Bope. No início, suas informações foram consideradas muito confusas. Debaixo de uma escadaria no alto do morro, a polícia encontrou um quarto escuro, onde havia três quilos de cocaína, uma pistola e munição. Até as 18h de ontem, ninguém havia sido preso e Maria José e a polícia continuavam no morro.

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