São Paulo, quinta-feira, 3 de março de 1994
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Grammy premia Houston em noite de gafes

FERNANDA GODOY
DE NOVA YORK

Whitney Houston foi a dona da noite do Grammy, em Nova York, levando para casa os dois troféus mais importantes: música do ano ("I Will Always Love You") e disco do ano (a trilha sonora do filme "O Guarda-Costas"). Whitney desfilou sua euforia em dois vestidos diferentes –um branco e outro preto-e-dourado– e não poupou a platéia de mais uma interpretação de seu megasucesso. "O Guarda-Costas" vendeu mais de 10 milhões de cópias só nos Estados Unidos.
Em número de prêmios, o maior vencedor foi a trilha sonora de "Aladdin", produzida pela dupla Alan Menken e Tim Rice, que ganhou em todas as categorias nas quais concorria, inclusive com a música tema do filme, "A Whole New World", considerada a melhor canção escrita para um filme. O maior perdedor foi Billy Joel, que saiu de mãos abanando apesar das quatro indicações para seu álbum "River of Dreams". Sting, que tinha recebido seis indicações, conseguiu ficar com metade. O cantor inglês ficou com três Grammy, inclusive o de melhor performance pop na música "If I Ever Lose My Faith in You". Com ar blasé e acompanhado de sua mulher, Trudi, Sting fingiu não ter ouvido o anúncio desse prêmio.
Palavrão
Frank Sinatra e Aretha Franklin foram homenageados pelas realizações de suas carreiras. O discurso de apresentação a Sinatra ficou a cargo do vocalista Bono, do grupo irlandês de rock U2, que momentos antes havia criado a cena mais constrangedora da noite. Ao receber o prêmio de melhor disco alternativo por "Zooropa", Bono zombou do critério que definia o U2 como "alternativo" e disse que continuaria a "fuck up the mainstream". A rede de TV CBS cortou o palavrão da transmissão para a costa Oeste dos EUA, que não foi feita ao vivo devido ao fuso horário de três horas.
Passado o mal-estar, Bono emocionou Sinatra ao defini-lo como "um homem mais sólido do que o Empire State, tão fácil de reconhecer quanto a Estátua da Liberdade e prova viva de que Deus é católico". Visivelmente tocado, Frank Sinatra iniciou um discurso de agradecimento que foi cortado abruptamente para a entrada de comerciais, na maior gafe da noite. O apresentador Garry Shandling recorreu ao humor para se livrar do embaraço, dizendo que "nem mesmo Lorena Bobbit teria cortado Frank Sinatra". A CBS afirmou mais tarde que um assistente de Sinatra sugeriu o corte.
"Tropical Latina"
Entre os resultados mais previsíveis da noite esteve a premiação de Toni Braxton como melhor nova artista. Ela também levou o Grammy por melhor performance feminina em rhythm'n'blues, batendo a campeã Whitney Houston. A cubana Gloria Estefan foi premiada na incrível categoria "tropical latina", criada este ano.
B.B.King, Ozzy Osbourne e Aerosmith foram alguns dos veteranos a ganhar prêmios concedidos pela indústria fonográfica nesse país onde, como lembrou um dos convidados, Mick Jagger já é mais velho do que o presidente.

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