São Paulo, quinta-feira, 3 de março de 1994
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Negociador palestino é ferido por israelenses

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Soldados israelenses mataram ontem 2 palestinos e feriram pelo menos 60 em confrontos nos territórios ocupados. O número de mortos em consequência da violência política desde sexta-feira já chega a 23, sendo 21 palestinos e 2 israelenses.
O chefe da delegação palestina às negociações de paz em Washington, Saeb Erakat, foi ferido na cidade de Jericó (Cisjordânia). "Não são os colonos que nos atacam, mas os soldados. Querem fazer uma carnificina", disse Erakat.
Milhares de palestinos saíram às ruas assim que o Exército suspendeu o toque de recolher para permitir aos moradores comprar comida. A administração dos territórios ocupados impôs o mais rigoroso toque de recolher em vários anos na sexta-feira, logo depois que o israelense Baruch Goldstein massacrou 43 palestinos na mesquita de Ibrahim, em Hebron (Cisjordânia).
O toque de recolher na faixa de Gaza foi suspnso, mas permanece a proibição dos palestinos entrarem em Israel. Na maior parte da Cisjordânia permanece em vigor o toque de recolher. O primeiro-ministro Yitzhak Rabin disse ontem que essas restrições continuarão em vigor.
Numa tentativa de reduzir a tensão, o governo de Israel anunciou para hoje a libertação de mais 400 palestinos presos. Mas, num movimento que pode aumentar as diferenças entre Israel e os palestinos, a governo Rabin admitiu ampliar sua coligação com os nacionalistas do partido Tsomet. Em troca do apoio, o partido do general Rafael Eytan receberia o Ministério da Polícia e garantia de que as colônias nos territórios ocupados não seriam desmontadas, uma das reivindicações palestinas. Rabin disse que vai restringir os movimentos de 18 colonos judeus que moram nos territórios ocupados. A OLP (Orgaização para a Libertação da Palestina) exige o desarmamento de todos os 120 mil colonos.
O governo israelense informou que já foram encontrados dois dos cinco colonos cuja prisão administrativa foi decretada no domingo. O Tribunal de Justiça de Israel deu cinco dias para Rabin explicar por que determinou a prisão administrativa de Shemuel Ben Ishai. Esses colonos são militantes do Kach –grupo radical do qual fazia parte Baruch Goldstein.
Baruch Marzel, dirigente do Kach, desafiou as autoridades ao afirmar que, para cada membro do Kach preso, outros cinco "agirão em seu lugar". Marzel é um dos colonos com prisão decretada.
O ministro das Relações Exteriores Shimon Peres, comparou Goldstein a um nazista. "Um judeu que é um nazista se chama 'nazista' e não 'judeu"', disse Peres durante debate no Parlamento.
Representantes da Rússia e da União Européia reunira-se na Tunísia com o dirigente palestino Iasser Arafat e depois seguiram para Israel. Eles tentam reativar as negociações para a autonomia palestina na faixa de Gaza e em Jericó (Cisjordânia) sexta-feira.

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