São Paulo, quinta-feira, 3 de março de 1994
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México e rebeldes fazem acordo

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Os guerrilheiros indígenas e o governo do México anunciaram ontem um acordo preliminar para encerrar o conflito inciado em 1º de janeiro no Estado de Chiapas (sul). Não houve acordo definitivo sobre a exigência zapatista por reformas eleitorais, mas o assunto deve ser estudado no Congresso, segundo um delegado do governo.
Um rebelde mascarado leu a lista com 32 reivindicações do EZLN (Exército Zapatista de Libertação Nacional). Entre elas estão melhoria das condições de vida dos indígenas, respeito a sua cultura, indenização às vítimas do conflito, reforma agrária e autogoverno.
Roberto Salledo, assessor especial de Manuel Camacho Solis, negociador oficial, leu a resposta do governo. Houve acordo em quase todas as exigências. O governo prometeu melhoria de infra-estrutura, um plano de salubridade para as regiões habitadas por indígenas e um censo agrário. O governo admitiu a possibilidade de uma reforma agrária em Chiapas.
Camacho Solis, disse que a transformação do EZLN em força política será facilitada se os rebeldes solicitarem. Ele prometeu uma nova divisão dos distritos eleitorais em Chiapas, para assegurar a presença de indígenas nos Legislativos estadual e federal.
Também foi prometida realização de um estudo sobre o impacto do Nafta (Acordo Norte-Americano de Livre Comércio, assinado entre EUA, México e Canadá) sobre Chiapas, Estado mais pobre do país.
As duas partes vão levar as propostas para realizar consultas. O líder zapatista conhecido como "subcomandante Marcos" disse que todas as cláusulas do acordo terão de ser aprovadas pelos indígenas que vivem na selva Lacandona (leste de Chiapas).
"Se o governo não cumprir o acordo, será impossível continuar falando de paz", disse Marcos, que não deixou claro quanto tempo a consulta aos indígenas vai levar.
O mediador do conflito, bispo Samuel Ruiz, disse que as negociações se encerraram "satisfatoriamente". As duas partes negociavam desde 21 de fevereiro na catedral de San Cristobal de Las Casas (Chiapas). Para Ruiz, é possível que a paz definitiva para o conflito saia em um mês.

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