São Paulo, quinta-feira, 3 de março de 1994
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Legislativo sul-africano aceita autonomia local

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O Parlamento sul-africano aprovou ontem a expansão dos poderes provinciais após as eleições multirraciais de 26 a 28 de abril. Autonomia regional é uma das exigências dos partidos conservadores, agrupados na Aliança da Liberdade, para participar das eleições.
O líder conservador negro Mangosuthu Buthelezi disse que as emendas aprovadas pelo Parlamento branco ficam próximas às exigências de seu Partido da Liberdade Inkatha. Mas Ferdi Hartzenberg, líder do Partido Conservador (branco), votou contra as emendas. "Nós pedimos um peixe e ganhamos uma cobra", disse o deputado pró-apartheid (regime de segregação racial).
Hennie Becker, do Inkatha, disse que o comitê central do partido vai se reunir amanhã em Ulundi, capital do bantustão de KwaZulu, para decidir se o grupo vai se registrar para participar das eleições. A manutenção dos bantustões, áreas negras declaradas independentes por Pretória durante o apartheid, é uma das exigências de Buthelezi. Conservadores brancos querem a autonomia para áreas de maioria branca. A Constituição provisória que entra em vigor após as eleições prevê o fim dos bantustões e a formação de uma federação.
Integrantes do Inkatha disseram que a reunião de amanhã será marcada por disputas entre os que defendem a participação na eleição e a linha-dura, dirigida pelo branco Walter Felgate, principal assessor político do chefe zulu Buthelezi.
Ontem, após reunião com Nelson Mandela (do Congresso Nacional Africano, maior grupo negro e favorito para as eleições), Buthelezi havia dito que seu partido iria se registrar provisoriamente. O registro provisório daria ao Inkatha mais cinco dias para negociar com o governo e o CNA a sua participação nas eleições.
Negociadores do governo e do CNA têm reclamado de Buthelezi, que, segundo eles, costuma voltar atrás em posições assumidas por ele ou pelos seus assessores. O líder conservador, ao mesmo tempo em que admite as negociações para participar das eleições, procura fortalecer sua posição levantando a bandeira da secessão de KwaZulu da África do Sul.

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