São Paulo, sexta-feira, 4 de março de 1994
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Ordem Econômica racha forças pró-revisão

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em nova reunião para tentar deslanchar a revisão consticucional, as lideranças dos maiores partidos do Congresso se dividiram de vez. PFL e PPR tentarão, na próxima semana, antecipar a votação de temas econômicos. PSDB e PMDB são contra. Querem adiar ao máximo a votação das questões polêmicas.
O PFL e o PPR querem votar justamente dois assuntos polêmicos: a nacionalização do subsolo e a definição de empresa nacional. Acham que, se o Congresso mexer em temas considerados tabus, a revisão será definitivamente deslanchada, esmagando a obstrução dos "contras", como o PT e o PDT.
Os líderes do PMDB e PSDB afirmaram, após a reunião, que votarão contra o requerimento que antecipa a votação dos temas da Ordem Econômica. A divisão dos grandes partidos foi o único resultado da reunião, que foi novamente boicotada pelos "contras" e teve a participação dos presidentes da Câmara, Inocêncio Oliveira (PFL), e do Senado, Humberto Lucena (PMDB). As demais resoluções lembram as decisões de dezenas de outras reuniões realizadas nos últimos cinco meses.
Ficou acertado que o Congresso revisor passará a votar de segunda a sexta-feira e não apenas às terças, quartas e quintas. A primeira sessão da semana será às 18h de segunda–feira e a última às 9h de sexta. O novo calendário só passará a vigorar a partir da semana que inicia dia 14 de março. Na próxima semana, ainda em ritmo lento, os grandes partidos tentarão concluir a "agenda política", que inclui a proposta de encurtar de cinco para quatro anos o mandato de presidente da República.
Ontem mesmo, porém, os congressistas começaram a deixar Brasília no início da tarde e não deram quórum na sessão da tarde. O ambiente do Congresso foi tomada pela divisão das grandes legendas. "Não é a melhor forma de fazer caminhar a revisão", atacou Mário Covas (SP), líder do PSDB no Senado, apoiado por Tarcísio Delgado (MG), líder do PMDB.
O PFL mostrava-se irredutível. Seu presidente, Jorge Bornhausen, prometia o enfrentamento: "Vamos apresentar o requerimento. Se não houver acordo, vai para o voto", afirmou. A votação do requerimento mencionado por Bornhausen é a fase anterior às votações que visam modificar efetivamente a Constituição. O requerimento visa marcar as datas das sessões de votações de conteúdo.

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