São Paulo, sexta-feira, 4 de março de 1994
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Alcatel vence concorrência da Telebrás

ELVIRA LOBATO
DA REPORTAGEM LOCAL

Acabou ontem mais uma feroz disputa entre os fabricantes de equipamentos de telecomunicação: a concorrência para instalação da chamada rede inteligente, aberta no final do ano passado pela Telebrás, foi vencida pela Alcatel (associação da Alcatel francesa com empresas nacionais, sendo a maior o grupo Itaú). A rede inteligente inclui serviços novos como o telecard, que permite uso automático de cartão de crédito para ligações e compras por telefone.
A concorrência da Telebrás foi disputada pelos cinco maiores fornecedores de equipamentos de telecomunicação em atuação no mercado brasileiro: NEC do Brasil (associação da NEC japonesa com o empresário Roberto Marinho), Ericsson (Ericsson sueca com o grupo nacional Monteiro Aranha), Equitel (grupo Mangels com a Siemens alemã) e a AT&T Network Systems do Brasil (associação da AT&T norte-americana com o grupo Sharp).
A Telebrás desqualificou os projetos técnicos apresentados pela AT&T, Ericsson e NEC, que entraram com recursos administrativos na estatal contestando a medida. A AT&T, segundo a Telebrás, chegou a entrar com ação judicial em Brasília pleiteando a revogação da decisão da estatal e que os envelopes com os preços propostos por todos os concorrentes fossem abertos.
Segundo o presidente da Telebrás, Adyr Silva, a Justiça Federal de Brasília negou pedido de liminar solicitado pela empresa norte-americana. A disputa ficou então restrita à Equitel e à Alcatel. A Alcatel disse que venceu a concorrência com preço 30% inferior ao da concorrente.
Segundo a Telebrás, o sistema entrará em funcionamento até o final do ano, embora o contrato dê à Alcatel o prazo de um ano para a instalação dos equipamentos –entre estes seis grandes centrais telefônicas.
O presidente da Alcatel, Manoel Octávio Pereira Lopes, disse que a concorrência da Telebrás significa o maior contrato em andamento para instalação de redes inteligentes do mundo. O projeto, segundo ele, será implantado em várias etapas: a primeira, que permitirá o atendimento de 1 milhão de usuários por hora, vai custar US$ 30 milhões. O contrato total vai movimentar perto de US$ 60 milhões, só em equipamentos.
Para o consumidor, a principal novidade da rede inteligente será o telecard, que é um serviço já disseminado nos Estados Unidos e Europa. Com ele, é possível fazer ligações telefônicas até de dentro de aviões. Através de telefones públicos especiais, que fazem leitura automática de cartões de crédito, os usuários podem também fazer compras sem que haja necessidade sequer de que exista um vendedor do outro lado. A encomenda e o débito no cartão são processados por computador.
Para as empresas, a novidade será a oferta de 2.000 redes privadas virtuais de telecomunicação. Significa, por exemplo, que as empresas poderão se comunicar com suas filiais em outros Estados através de um simples ramal interno, sem a necessidade de investir em redes próprias, como é atualmente.
Os serviços 800 (onde quem recebe é que paga a ligação) e 900 (serviços especiais como telehoróscopo e telesexo) também serão modificados. Hoje, por exemplo, um morador do Amazonas que faz uma ligação para um serviço 800 em São Paulo tem que discar o prefixo 011. Com a rede inteligente, o prefixo será eliminado, o que vai facilitar a estratégia de marketing das empresas.

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