São Paulo, sexta-feira, 4 de março de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Israel e OLP fazem 'guerra' de inquéritos

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Israel e a OLP (Organização para a Libertação da Palestina) determinaram a abertura de inquéritos para identificar os responsáveis pelo massacre de 43 palestinos há uma semana em Hebron (Cisjordânia). Relatório da entidade israelense de defesa dos direitos humanos B'Tselem critica o Exército por parte das 22 mortes nos protestos que se seguiram à chacina.
Ontem, na faixa de Gaza, guerrilheiros palestinos mataram um palestino suposto colaborador de Israel. O grupo palestino Jihad Islâmico disse que os israelenses prenderam três de seus membros que fariam um atentado suicida em Tel Aviv. Israel não confirmou a notícia. Em uma tentativa de acalmar os ânimos entre os palestinos, Israel soltou ontem mais 400 presos palestinos.
A comissão israelense de inquérito publicou ontem anúncios pedindo que testemunhas do massacre se apresentem para depor. O anúncio publicado na imprensa israelense e no diário palestino "Al Nahar" é o primeiro passo da comissão dirigida pelo presidente da Suprema Corte, Meir Shamgar. A comissão marcou para 23 de março a data limite para apresentação das testemunhas.
Israel já estabeleceu comissões de inquérito semelhantes em 1982, após o massacre de palestinos nos campos de refugiados de Sabra e Chatila (Beirute) por cristãos aliados dos israelenses, e em 1990, após a morte de 18 árabes na mesquita de Al Aqsa (Jerusalém). O relatório da comissão de 82 levou ao afastamento do ministro da Defesa Ariel Sharon, responsabilizado indiretamente pelo massacre.
Já o presidente da OLP, Iasser Arafat, determinou a formação de uma comissão de inquérito palestina, formada por 12 advogados residentes nos territórios ocupados, que apresentará seu relatório ao Comitê Executivo da OLP.
No relatório divulgado ontem, o grupo B'Tselem diz ter analisado os casos de 12 palestinos mortos por tropas israelenses. Segundo o porta-voz Yuval Ginbar, em nenhum dos casos a vida dos soldados de Israel envolvidos estava em perigo. Ele também disse que em 11 desses casos os palestinos foram alvejados na cabeça ou no tórax com munição de verdade –não de borracha, geralmente usada para conter manifestações.
A entidade pediu que o Exército pare de enviar para os territórios ocupados soldados despreparados. Os palestinos disseram que as conclusões do B'Tselem reforçam suas exigências de proteção internacional para os moradores dos territórios ocupados antes de reiniciar o diálogo de paz com Israel. Israel admitiu apenas presença internacional desarmada.

Texto Anterior: Mandela faz concessões a conservador sul-africano
Próximo Texto: Diálogo é a saída, diz palestino
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.