São Paulo, sábado, 5 de março de 1994
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Assessores convencem Fleury a manter seu nome na disputa

EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Um dia depois de avaliar a possibilidade de desistir da disputa pela sucessão presidencial, o governador Luiz Antonio Fleury Filho disse ontem que coloca seu nome à disposição do PMDB para ser o "candidato de consenso". Antes de viajar para Rubinéia (635 km a noroeste de São Paulo), onde fez essa declaração, Fleury foi convencido por auxiliares e pelo deputado Luiz Carlos Santos, líder do governo na Câmara, a se manter na disputa.
"Eu nunca me coloquei como candidato. Sempre disse que estava buscando a unidade partidária", disse. "Em nome do consenso, se esta for a vontade do partido, coloco-me à disposição para ser o candidato do consenso", afirmou. Mas evitou dizer se disputará a convenção do PMDB com Orestes Quércia, seu antecessor.
"Acho que a candidatura de Quércia é legítima. Agora, se o partido entender que a minha candidatura é a que une, estou à disposição". No PMDB, quase ninguém acredita no êxito do plano de Fleury. É que dificilmente Quércia abriria mão de sua candidatura para que o governador seja o "candidato de consenso".
Mais de um motivo levou Fleury a continuar acreditando na sua candidatura. Um deles foi a sinalização de apoio dos antiquercistas do PMDB, como Pedro Simon e Antônio Britto, à provável candidatura do tucano Fernando Henrique Cardoso. O governador acha que pode unir essa dissidência em torno dele. Seus interlocutores o convenceram de que a resistência a Quércia o levará a optar pela disputa do governo paulista. Nesse caso, a opção presidencial do PMDB seria Fleury.
O governador se convenceu ainda de que, se abandonassse a candidatura, poderia se tornar refém de Quércia e perderia o poder de influência na escolha do candidato do PMDB. A declaração de Fleury de que continua candidato não convenceu alguns prefeitos que o acompanhavam. "Ele já está abraçando a candidatura Quércia", disse Itamar Borges (PMDB), de Santa Fé do Sul.
Fleury aproveitou a viagem para responder ao ex-secretário José Machado de Campos Filho, que o chamara de traidor pro não apoiar Quércia. "Para quem quer ser candidato ao Senado, faltou bom senso e juízo", disse. Ao visitar a ponte rodoferroviária de Rubinéia, criticou o deputado quercista Alberto Goldman (PMDB-SP), ex-ministro dos Transportes. "Ele veio aqui e liberou US$ 5 milhões, 1% do valor da obra.", declarou.

Colaborou Aurélio Alonso, da Folha Norte.

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